Polémica sobre violação. "Se não te embebedares, evitas o lobo", disse o companheiro de Giorgia Meloni
Andrea Giambruno, jornalista e companheiro da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, foi acusado de culpabilizar as vítimas nas suas frases polémicas sobre dois casos recentes de violações em grupo que chocaram o país, provocando a ira de várias mulheres políticas italianas. Durante a emissão televisiva do programa Diario del Giorno, disse que "se se evitar a embriaguez", também se evita "o lobo".
Noutro caso, em Palermo, uma rapariga de 19 anos foi violada por um grupo de sete jovens, um deles menor de idade, depois de a terem embriagado e levado para uma zona isolada da cidade.
Na segunda-feira à noite, o jornalista estava a debater no seu programa televisivo - da Rete 4, um dos maiores canais privados do país - as agressões sexuais e violações recentes no país, incluindo a alegada violação em grupo de uma jovem de 19 anos em Palermo, na Sicília, quando fez os comentários controversos.
"Se eviti di ubriacarti e di perdere i sensi, magari eviti di incorrere in determinate problematiche e di trovare il lupo".
— Abolizione del suffragio universale (@AUniversale) August 29, 2023
Andrea Giambruno, compagno di Giorgia Meloni.
Oltre l'incredibile. #stupro pic.twitter.com/E32JIFRAx3
Elly Schlein, presidente do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda e na oposição, afirmou que é "inaceitável culpar a vítima".
Mas também duras críticas de políticas de direita condenaram os comentários.
Comentando a polémica, Andrea Giambruno considerou a polémica “uma controvérsia surrealista” instrumentalizada para atacar Giorgia Meloni e que não tinha que pedir desculpa. Até ao momento, a líder da coligação de extrema-direita não se pronunciou.
"Nestas últimas horas, gerou-se uma controvérsia surrealista e devo salientar que ninguém justificou o ato, tendo sido utilizados termos precisos: "abominável" para o ato e "bestas" para os seus autores", afirmou Giambruno.Giambruno afirmou ao jornal italiano Corriere della Sera que "Nunca disse que é legítimo que os homens violem as mulheres que estão bêbadas".
Esta não é a primeira vez que os comentários de Giambruno causam polémica em Itália. Em julho, disse ao ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, que "ficasse em casa, ficasse na Floresta Negra", depois do político ter questionado a viabilidade do turismo no sul da Europa “a longo prazo” devido às ondas de calor.
Na altura, Giambruno foi muito criticado pela imprensa por comentários que foram considerados negacionistas em relação às alterações climáticas, nomeadamente quando referiu que a vaga de calor que Itália enfrentava no verão "não era uma grande notícia".