A polícia federal entregou na noite de ontem ao Supremo Tribunal brasileiro um pedido de que o presidente Jair Bolsonaro seja interrogado e acusado por incitamento ao crime, devido a diversas declarações que fez sobre a pandemia de covid-19.
Nessa declaração, Bolsonaro afirmava, contra toda a evidência cientificamente estabelecida, que as máscaras tinham causado grande quantidade de mortes durante a epidemia da gripe em 1918.
Segundo o relatório da polícia entregue ao tribunal e agora citado em The Guardian, "[o presidente], de forma directa, espontânea e consciente, disseminou a desinformação de que as vítimas da gripe espanhola na verdade tinham morrido devido a uma pneumonia bacteriana causada pelo uso das máscaras, incutindo na cabeça dos espectadores um verdadeiro desencorajamento ao seu uso na luta contra a covid num momento em que o uso das máscaras era obrigatório".
Na mesma declaração, Bolsonaro propalava a falsidade de que, segundo estudos levados a cabo para o Governo britânico, as pessoas vacinadas estavam a contrair a Sida "muito mais rapidamente do que se esperava". A investigadora senior da polícia e autora do relatório, Lorena Lima Nascimento, alegou que esta falsidade podia gerar "alarme público sobre um perigo não-existente".
Anteriores afirmações de Bolsonaro, desvalorizando a pandemia como "uma gripezinha", têm voltado agora à baila nas polémicas da campanha eleitoral. O candidato do PT, Luís Inácio "Lula" da Silva, lançou-lhe na semana passada a pergunta: "Quantas crianças são agora órfãs, por você ter sido um negacionista e por não ter acreditado na ciência ou na medicina?"