Polícia espanhola revista edifícios de Governo catalão

por RTP
Reuters

A Guardia Civil espanhola enviou hoje um grande dispositivo militar para revistar vários edifícios do Governo regional à procura de documentos relacionados com o referendo de 1 de outubro considerado ilegal por Madrid. O secretário geral da Economia terá sido um dos 14 altos dirigentes do Governo detidos no âmbito desta operação.

Segundo a imprensa espanhola, a polícia está a inspecionar os departamentos (ministérios regionais) de Negócios Estrangeiros, Economia, Trabalho e Assuntos Sociais e na seda da vice-presidência, tendo detido pelo menos uma pessoa.

A operação que está a decorrer também inclui a investigação de diversos organismos dependentes do executivo regional (Generalitat).

De acordo com o El Pais e o El Mundo, 14 pessoas terão sido já detidas no âmbito desta operação.

Fontes judiciais ligadas à investigação disseram à EFE que entre os detidos encontram-se o número dois da conselheira para a Economia, Josep Maria Jové, o secretário das Finanças, Josep Lluís Salvadó, Josué Sallent Rivas, responsável pelo Centro de Telecomunicações e Tecnologias de Informação (CCTI) e Xavir Puig Farré, do Gabinete dos Assuntos Sociais.


Outros detidos são Paul Furriol e Mercedes Martínez (ambos relacionados com o aluguer de um armazém onde supostamente se encontra `material eleitoral`, David Franco Martos (CCTI), David Palancad Serrano, do Gabinete de Assuntos Externos e Juan Manuel Gómez, do gabinete do Departamento de Economia e Finanças.

O número dois do vice-presidente catalão é um dos detidos pela Guardia Civil. Josep Maria Jové, secretário geral da Economia, terá sido detido na rua, depois de o seu carro ter sido cercado pelas autoridades.

O vice-presidente Oriol Junqueras reagiu no Twitter, dizendo que “estão a atacar as instituições deste país e a atacar os cidadãos. Não o permitiremos”.

O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, argumenta que não está a fazer mais do que o seu dever. “Trata-se de uma operação judicial que é realizada para fazer respeitar a lei”, garantiu. "Estavam avisados. Sinto muito!"

"O Estado tem de reagir. Não há nenhum Estado democrático no mundo que aceite o que estão a planear estas pessoas. Estavam avisados! Sabiam que o referendo não se podia realizar porque é acabar com a soberania nacional e o direito que têm todos os espanhóis a decidir o que querem que seja o país", declarou Rajoy.

"Como já disse noutras ocasiões, peço que haja uma retificação, que voltemos à realidade ao sentido comum porque como já dissemos o referendo não se pode realizar. Sinto muito e espero que não continuem com esta dinâmica porque acho que não ajuda nem conduz a nada", concluiu o chefe do Governo espanhol.

Junto de um dos Departamentos onde decorrem as buscas, decorrem manifestações.

A Guardia Civil está ainda a realizar buscas na residência particular de Joan Ignasi Sanchez, em Barcelona, assessor da antiga responsável da Esquerda Republicana da Catalunha.

Sanchéz é assessor do Departamento do Governo Autónomo, dirigido pela conselheira Meritxell Borràs, antiga dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha, que coordenou um concurso para a compra de urnas de voto.

Frente à residência de Joan Ignasi Sanchéz encontram-se cerca de 40 pessoas que protestam contra as buscas da polícia.

O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, convocou para hoje de manhã uma reunião dos membros do governo autónomo para preparação de uma resposta às atuações da Guardia Civil.

Os movimentos independentistas suspenderam os atos políticos que estavam agendados para hoje. Presidente do Governo basco critica autoridades

O presidente do governo basco, Iñigo Urkullu, já criticou o Governo espanhol pelo caso das detenções que foram realizadas de altos funcionários da administração da Catalunha.


"Não consigo entender como uma situação que precisa de um reconhecimento da realidade, que exige diálogo e negociação para encontrar um acordo, está indo nas mãos de quem está indo".

Urkullu afirmou ainda que "os poderes do Estado são os que estão a levar isso a um ponto sem retorno".

O responsável basco reivindicou "a necessidade de reconhecimento do compromisso de diálogo, de negociação e de acordo (...) Parece-me muito perturbador que tudo isso seja rejeitado e ver como ontem na Câmara dos Deputados se rejeitava a possibilidade da via do diálogo".

Urkullu apelou "urgentemente a retomada pelas partes das rédeas desta situação", o que, segundo o Presidente basco, "necessita de um aprofundamento no âmbito de convivência".

"Do país basco, mostro a nossa disposição na medida em que está em nossas mãos retomarmos os canais do diálogo e da negociação num espírito de acordo e convivência a partir do reconhecimento das realidades", concluiu Iñigo Urkullu.

O ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, mostrou-se também "preocupado" com a situação na Catalunha, mas disse que não irá pronunciar-se sobre o assunto agora porque ainda há "muita confusão".

c/agências

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