Pompeo duvida de "Acordo de Paz" de Trump para o Médio Oriente

por RTP
Arnd Wiegmann - Reuters

O “Acordo do Século” da Administração Trump para Israel e Palestina deve ser divulgado publicamente nas próximas semanas. Mas, com a aproximação da sua divulgação, Mike Pompeo disse que o plano esperado pode ser “impreciso” e, por isso, “inexequível”.

edição de ontem do Washington Post avança que o secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Mike Pompeo, numa reunião “à porta fechada” com líderes judeus americanos, disse que o esperado “acordo de paz” pode ser “impreciso”. No entanto, não considera a probabilidade de o “descartar” de imediato.

“Pode ser rejeitado. Pode ser que no final as pessoas digam: 'Não é particularmente original, não funciona particularmente para mim', isto é, 'tem duas coisas boas e nove coisas más, eu estou fora'", disse Pompeo, segundo uma gravação de áudio da reunião privada obtida pelo Washington Post.

O secretário de Estado ressalvou ainda que “a grande questão é conseguirmos ter espaço suficiente para ter uma conversa real sobre como construir isso”.

O “acordo de paz” para o Médio Oriente está a ser desenvolvido há cerca de dois anos e ainda pouco se divulgou. Até agora, e de acordo com a publicação do Washington Post, estes foram os comentários “mais nítidos” de uma autoridade norte-americana sobre este acordo, que Donald Trump confiou ao seu genro, Jared Kushner, para resolver a questão israelo-palestiniana.

Com a escassez de informação sobre o “acordo do século”, como Trump uma vez o denominou, surgem dúvidas sobre o seu progresso e consequente sucesso.

Mike Pompeo relembrou que o acordo não garante o fim do conflito no Médio Oriente. “Não há garantias de que somos nós que o travamos”, disse.

Eargumentou ainda: “Eu compreendo que as pessoas pensem que este será um acordo que só agradará aos israelitas”. Mas acrescentou que tem esperança de que “todos possam dar espaço para ouvir e deixar que tudo acalme um pouco”, reconhecendo que o acordo poderá favorecer Israel.

Além disso, o secretário de Estado dos EUA confirmou que o plano e a sua divulgação têm sido constantemente adiados.

"Levou mais tempo para implantarmos o plano do que eu pensava inicialmente - para falar de forma mais leve", disse ele numa reunião, na terça-feira , da Conferência de Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas, um grupo sediado em Nova York.

Desde que Donald Trump anunciou o plano com vista à resolução do conflito entre Israel e Palestina, os EUA têm tomado medidas intensamente contestadas pelos palestinianos. Uma dessas medidas foi o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel sem haver um acordo prévio finalizado, bloqueando, ao mesmo tempo, o financiamento à Autoridade Palestina e à agência de refugiados da ONU e reconhecendo a soberania israelita.

Relativamente às afirmações emitidas por Mike Pompeo, dois participantes da reunião revelaram ao Washington Post, a coberto do anonimato, que o secretário de Estado norte-americano "não estava de forma alguma confiante em que o processo levaria a uma conclusão bem-sucedida".

Contrariamente aos anteriores secretários de Estado, Mike Pompeo não está responsável pelo esforço de paz no Médio Oriente, mas disse na reunião que está a par da proposta e do progresso do acordo. Por outro lado, o secretário de Estado disse que nunca acreditou que seria fácil conceber um acordo de paz duradouro.

“Eu vi o que acredito que sejam todos os detalhes do que vamos apresentar”, concluiu Pompeo.

Entretanto, outros obstáculos surgiram, como o facto de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, não ter conseguido formar uma coligação e o Parlamento ser dissolvido.

Caso o “acordo de paz” seja rejeitado, Mike Pompeo diz que não é um “fracasso”.

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