Mundo
População do Mali quer combater islamitas no norte
Milhares de malianos manifestaram-se na capital do Mali, Bamako, a exigir armas para combater os separatistas, sobretudo islamitas, que nos últimos três meses assumiram o controlo do norte do país. Um grupo extremista islâmico já destruiu vários túmulos em Timbuctu, classificados como "Património da Humanidade" pela Unesco e todos têm estado a espalhar o terror entre a população. Em Paris, a França apelou à rápida intervenção internacional para evitar uma "catástrofe humana".
"O que se passa ali (no norte do Mali) neste momento é uma acumulação de horrores, com mulheres violadas, homens decapitados, crianças colocadas em situações atrozes", afirmou Fabius em Paris, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo britânico, William Hague.Norte contra sul
Desde janeiro de 2012 que os Tuaregs separatistas, aliados a grupos islamitas, iniciaram operações contra o exército maliano, no norte.
A 22 de março de 2012, um golpe de estado militar em Bamako, no sul, derrubou o Presidente do Mali, Amadou Toumani Touré. Os golpistas acusavam Touré de não fornecer meios ao exército para combater os rebeldes.
O golpe de estado desviou recursos e atenção do norte e os rebeldes aproveitaram o vazio para, em poucas semanas, dominarem as três províncias do norte maliano, Kidal (extremo nordeste), Gao (nordeste) e Timbuctu (noroeste).
Desde então, o governo interino do Mali tem sido incapaz de recuperar o terreno perdido.
Fabius denunciou igualmente a destruição dos mausoléus de santos muçulmanos em Timbuctu por parte dos extremistas, classificando-os de "gestos abomináveis" que "traduzem uma conceção totalmente integrista do ser humano e da religião".
"O objetivo é primeiro estabelecer no sul (do Mali) a ordem constitucional, assegurar e afirmar a integridade do Mali. Depois, à medida que as forças africanas puderem ser reunidas, reconquistar o terreno perdido", afirmou Fabius.
"Libertar" o norte
Em Bamako, mais de 2.000 pessoas participaram esta tarde num protesto sentado no centro da capital maliana, exigindo armas para "libertar" o norte do país.
"Se o exército não quer ir para a guerra, deem-nos os meios para libertar as nossas terras!" pediu Oumar Maïga, responsável pela juventude do Coletivo dos cidadãos do norte.
Os manifestantes apelaram a "ações concretas" por parte do governo. "As comunidades do norte do Mali não partilham as ideias idiotas do MNLA, do Mujao e da al Qaeda", afirmou um deputado Tuareg Nock Ag Attia.
Independência e sharia
De início, a aliança dos rebeldes incluiu o Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), Tuareg, laico e separatista, e os poderosamente armados islamitas do Ansar Dine, a al Quaeda no Magreb islâmico (Aqmi) e o Movimento para a Unidade e a Jihad na África ocidental (mujao), que pretendem instaurar a sharia na região.
A semana passada, no dia 27 de junho, a aliança desfez-se, com a rebelião Tuareg a ser expulsa dos locais sob seu controlo.
O Mujao tomou Gao, após combates violentos que deixaram 35 mortos, e o Ansar Dine instalou-se em Timbuctu, considerada cidade santa devido aos 333 túmulos de santos islâmicos ali construídos, 16 dos quais considerados Património Mundial.

Nos dias seguintes, o Ansar Dine destruiu sete destes 16 mausoléus assim como a porta de uma mesquita, invocando o "nome de Deus" e dizendo que os locais não respeitavam a lei da sharia.
O Mujao terá ainda minado os arredores de Gao para impedir uma eventual contra-ofensiva do MNLA ou uma intervenção de forças estrangeiras.
Aviso da ONU
A destruição dos túmulos chocou a comunidade internacional. O Conselho de Segurança da ONU deverá adotar ainda hoje uma resolução em que avisa os islamitas de que poderão ser levados perante o tribunal Penal Internacional.
Deverá ainda apoiar uma intervenção dos países da região, embora ainda sem mandato da ONU, por falta de detalhes sobre essa eventual força.
As populações do norte do Mali estão revoltadas também com o reino de terror que os movimentos islâmicos estão a instaurar.
Num comunicado, os manifestantes do norte do Mali condenaram a "minagem" das suas regiões, a "profanação dos seus túmulos e a destruição dos mausoléus" e exigem o "fim imediato dos combates e das cobranças forçadas contra os civis e os seus bens".
Cimeira no sábado
Este sábado, a CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África ocidental, reúne em cimeira na capital do Burkina-Fasso, país mediador da crise maliana.
O Presidente do governo de transição do Mali, Dioncounda Traoré, deverá participar na reunião em Ouagadougou, apesar de estar refugiado em Paris desde o dia 23 de maio, data em que foi severamente espancado por opositores ao seu governo, em Bamako.
Um dos objetivos da CEDEAO na cimeira é reforçar o governo maliano de forma a abrir as portas a uma intervenção armada africana no norte do Mali, com o aval da ONU.
Desde janeiro de 2012 que os Tuaregs separatistas, aliados a grupos islamitas, iniciaram operações contra o exército maliano, no norte.
A 22 de março de 2012, um golpe de estado militar em Bamako, no sul, derrubou o Presidente do Mali, Amadou Toumani Touré. Os golpistas acusavam Touré de não fornecer meios ao exército para combater os rebeldes.
O golpe de estado desviou recursos e atenção do norte e os rebeldes aproveitaram o vazio para, em poucas semanas, dominarem as três províncias do norte maliano, Kidal (extremo nordeste), Gao (nordeste) e Timbuctu (noroeste).
Desde então, o governo interino do Mali tem sido incapaz de recuperar o terreno perdido.
Fabius denunciou igualmente a destruição dos mausoléus de santos muçulmanos em Timbuctu por parte dos extremistas, classificando-os de "gestos abomináveis" que "traduzem uma conceção totalmente integrista do ser humano e da religião".
"O objetivo é primeiro estabelecer no sul (do Mali) a ordem constitucional, assegurar e afirmar a integridade do Mali. Depois, à medida que as forças africanas puderem ser reunidas, reconquistar o terreno perdido", afirmou Fabius.
"Libertar" o norte
Em Bamako, mais de 2.000 pessoas participaram esta tarde num protesto sentado no centro da capital maliana, exigindo armas para "libertar" o norte do país.
"Se o exército não quer ir para a guerra, deem-nos os meios para libertar as nossas terras!" pediu Oumar Maïga, responsável pela juventude do Coletivo dos cidadãos do norte.
Os manifestantes apelaram a "ações concretas" por parte do governo. "As comunidades do norte do Mali não partilham as ideias idiotas do MNLA, do Mujao e da al Qaeda", afirmou um deputado Tuareg Nock Ag Attia.
Independência e sharia
De início, a aliança dos rebeldes incluiu o Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), Tuareg, laico e separatista, e os poderosamente armados islamitas do Ansar Dine, a al Quaeda no Magreb islâmico (Aqmi) e o Movimento para a Unidade e a Jihad na África ocidental (mujao), que pretendem instaurar a sharia na região.
A semana passada, no dia 27 de junho, a aliança desfez-se, com a rebelião Tuareg a ser expulsa dos locais sob seu controlo.
O Mujao tomou Gao, após combates violentos que deixaram 35 mortos, e o Ansar Dine instalou-se em Timbuctu, considerada cidade santa devido aos 333 túmulos de santos islâmicos ali construídos, 16 dos quais considerados Património Mundial.
Nos dias seguintes, o Ansar Dine destruiu sete destes 16 mausoléus assim como a porta de uma mesquita, invocando o "nome de Deus" e dizendo que os locais não respeitavam a lei da sharia.
O Mujao terá ainda minado os arredores de Gao para impedir uma eventual contra-ofensiva do MNLA ou uma intervenção de forças estrangeiras.
Aviso da ONU
A destruição dos túmulos chocou a comunidade internacional. O Conselho de Segurança da ONU deverá adotar ainda hoje uma resolução em que avisa os islamitas de que poderão ser levados perante o tribunal Penal Internacional.
Deverá ainda apoiar uma intervenção dos países da região, embora ainda sem mandato da ONU, por falta de detalhes sobre essa eventual força.
As populações do norte do Mali estão revoltadas também com o reino de terror que os movimentos islâmicos estão a instaurar.
Num comunicado, os manifestantes do norte do Mali condenaram a "minagem" das suas regiões, a "profanação dos seus túmulos e a destruição dos mausoléus" e exigem o "fim imediato dos combates e das cobranças forçadas contra os civis e os seus bens".
Cimeira no sábado
Este sábado, a CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África ocidental, reúne em cimeira na capital do Burkina-Fasso, país mediador da crise maliana.
O Presidente do governo de transição do Mali, Dioncounda Traoré, deverá participar na reunião em Ouagadougou, apesar de estar refugiado em Paris desde o dia 23 de maio, data em que foi severamente espancado por opositores ao seu governo, em Bamako.
Um dos objetivos da CEDEAO na cimeira é reforçar o governo maliano de forma a abrir as portas a uma intervenção armada africana no norte do Mali, com o aval da ONU.