População residente em Cabo Verde caiu para 483.628 habitantes

por Lusa

A população residente em Cabo Verde caiu para 483.628 habitantes, menos 1,6% face ao recenseamento realizado em 2010, passando a contabilizar mais homens do que mulheres, segundo dados anunciados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com os dados preliminares do quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021), apresentados pelo INE, em conferência de imprensa, este levantamento permitiu recensear, em quatro unidades estatísticas, 498.063 indivíduos, 145.952 agregados familiares, 150.016 edifícios e 200.979 alojamentos.

Os dados referem que no total de indivíduos recenseados, 483.628 são população residente, 14.128 visitas, 104 sem-abrigo e 203 passaram a noite de 15 para 16 de junho (momento censitário) nos navios atracados nos portos do arquipélago, além de 128 ainda por classificar.

Do total da população residente, 250.262 são homens e 247.801 mulheres, segundo o recenseamento de 2021. Pela primeira vez há mais homens do que mulheres em Cabo Verde.

No recenseamento de 2010, a população residente em Cabo Verde era de 491.683, com o INE a estimar uma taxa de crescimento médio anual de -0,2% face aos dados de 2021.

O concelho da Praia conta 29,4% da população residente, São Vicente 15,3%, Santa Catarina 7,7% e Sal 6,9%, enquanto globalmente 73,9% reside no meio urbano e 26,1% no meio rural.

A taxa de urbanização em Cabo Verde passou de 61,8% em 2010 para 73,9% em 2021, acrescentou o INE.

"No período de um mês estamos hoje a apresentar os resultados preliminares", afirmou o presidente do conselho diretivo do INE, Osvaldo Borges, acrescentando que estes dados são revelados apenas um mês após a recolha da informação.

Cabo Verde já realizou quatro recenseamentos após a independência, em 1980, 1990, 2000 e 2010. No anterior realizado, em 2010, a população residente no arquipélago então contabilizada foi de 491.875 pessoas, 117.289 agregados familiares (+24,4% em 2021), além de 114.297 edifícios (+31,3% em 2021) e 141.761 alojamentos.

O RGPH-2021 de Cabo Verde, a maior operação estatística do arquipélago, ao envolver cerca de 2.000 profissionais, decorreu no terreno, com a recolha de dados totalmente em formato digital, de 16 de junho a 07 de julho.

Envolveu recolha de dados em alojamentos familiares e coletivos, hotéis, estabelecimentos turísticos, hospitais, estabelecimentos prisionais e quartéis, incluindo ainda pessoas sem-abrigo.

De acordo com a informação prestada pelo presidente do INE, está prevista a realização de 15 a 30 de agosto de um inquérito pós-censitário, conforme exigido pelas regras da Organização das Nações Unidas, para avaliar, por amostragem, a qualidade do processo.

"Mas nós avaliamos que todo o processo de recolha foi positivo", destacou Osvaldo Borges, salientando que o recenseamento foi realizado em plena pandemia de covid-19, com picos de infeções em vários municípios, nomeadamente na Praia, capital e o município mais populoso do país.

Foi ainda preparado em simultâneo com a realização de eleições, autárquicas e legislativas, condições que o presidente do INE classifica como "atípicas" e que já levou a contactos por parte de autoridades congéneres de Angola e do Senegal, seguindo-se em setembro do Djibuti, para partilhar as "boas práticas" do processo cabo-verdiano.

Os dados definitivos do recenseamento serão divulgados até janeiro de 2022, para "contribuir para a consolidação das intervenções públicas e privadas" no país, apontou Osvaldo Borges.

O quinto Recenseamento Geral da População e Habitação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiado para este ano, face à pandemia de covid-19.

Para realizar esta operação, o INE de Cabo Verde lançou um concurso para recrutar 1.625 agentes recenseadores no arquipélago, mas a operação envolveu globalmente cerca de 2.000 trabalhadores.

Segundo o INE, está prevista a divulgação de 40 publicações, sendo 24 volumes estatísticos, dados brutos, e 16 volumes de análise sobre temas variados e estudos temáticos, com base nesta operação de recenseamento.

A realização da operação está estimada em cerca de 700 milhões de escudos (6,3 milhões de euros), financiados, além do Governo de Cabo Verde, pela Cooperação Luxemburguesa, União Europeia, Escritório Conjunto das Nações Unidas e a Cooperação Espanhola.

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