Xi diz a Putin que "maioria dos países apoia um alívio das tensões"

por Joana Raposo Santos - RTP
Os líderes cumprimentaram-se no Kremlin como "querido amigo". O primeiro encontro entre os dois nesta visita durou quatro horas e meia. Sergei Karpukhin - Sputnik via Reuters

O presidente chinês afirmou, nas últimas horas, ao homólogo russo que a "maioria dos países apoia um reduzir das tensões" na Ucrânia. Vladimir Putin recebeu aquele a quem chamou "querido amigo" em Moscovo, onde disse ver com respeito as propostas da China para a resolução do conflito. No final da visita, esta semana, Xi Jinping poderá falar também com Volodymyr Zelensky.

"Há cada vez mais vozes racionais e pacíficas", declarou o líder chinês, acrescentando que a "maioria dos países apoia um aliviar das tensões".

Segundo um comunicado difundido esta terça-feira pela diplomacia do país asiático, Jinping terá transmitido a Putin que esses países "querem que a paz e as negociações sejam promovidas e opõem-se a que seja atirada mais lenha para a fogueira".Os líderes cumprimentaram-se no Kremlin como "querido amigo". O primeiro encontro entre os dois nesta visita durou quatro horas e meia.

"Historicamente, os conflitos sempre foram resolvidos com base no diálogo e na negociação", insistiu, passando a lembrar o plano para a paz que a própria China apresentou no passado mês de fevereiro.

"Acreditamos que, quanto mais difícil é, mais espaço deve ser deixado para a paz. Quanto mais complexo o conflito, mais esforços devem ser feitos para não abandonar o diálogo", defendeu Xi.

Por fim, o presidente terá dito ao homólogo russo que a China continua disposta a “desempenhar um papel construtivo na promoção de uma solução política para o conflito”.

Em comentários emitidos na televisão, Putin transmitiu a Xi que via com respeito as propostas da China para a resolução do conflito na Ucrânia. Xi, por sua vez, elogiou Putin e previu que este será reeleito no próximo ano.

Segundo a agência russa de notícias RIA, o líder chinês convidou o russo a visitar o país asiático já em 2023.
Xi Jinping poderá falar com Zelensky
Esta terça-feira, os dois líderes deverão voltar a reunir-se para novas conversas. Após a visita a Moscovo, Xi Jinping deverá falar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apesar de a chamada ainda não ter sido oficialmente confirmada.

“Não sei, estamos à espera de confirmação”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, numa entrevista ao Corriere della Sera. “Mas seria um passo importante. Eles [Jinping e Zelensky] têm coisas a dizer um ao outro”.

A visita do presidente chinês a Moscovo realiza-se poucos dias depois de um tribunal internacional acusar Putin de crimes de guerra, emitindo um mandado de detenção do presidente russo.

Negando as acusações, Moscovo garantiu que acolheu órfãos para os proteger e abriu um processo criminal contra os juízes do TPI. Já Pequim considerou que o mandado de detenção reflete “padrões duplos”.

Os Estados Unidos denunciaram entretanto a visita de Xi à Rússia, considerando-a uma prova de que Pequim está a fornecer a Moscovo "cobertura diplomática" para cometer mais crimes.

"O fato de o presidente Xi estar a viajar para a Rússia dias depois de o Tribunal Penal Internacional emitir um mandado de detenção para o presidente Putin sugere que a China não sente nenhuma obrigação de responsabilizar o Kremlin pelas atrocidades cometidas na Ucrânia", defendeu o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse por sua vez que Xi deveria usar a sua influência para pressionar Putin a retirar as tropas da Ucrânia.

O líder chinês, que iniciou recentemente o seu terceiro mandato, tem tentado retratar Pequim como um agente para a paz na Ucrânia, apesar de continuar a aprofundar os laços económicos com a Rússia, um dos seus aliados mais próximos.
Primeiro-ministro japonês vai a Kiev
Enquanto Putin recebia o presidente chinês, outra nação asiática atuava no sentido oposto.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, apanhou um comboio numa cidade fronteiriça polaca com destino a Kiev, para entregar uma mensagem de solidariedade e de apoio à Ucrânia.

Kishida deve encontrar-se com o presidente Zelensky ainda esta terça-feira, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão.

A visita acontece na mesma altura em que os combates continuam em força na cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde as forças ucranianas resistem desde o verão passado à ocupação russa.

A guerra que devastou várias cidades ucranianas já provocou a fuga de milhões de pessoas e matou dezenas de milhares de civis.

c/ agências
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