É já na sexta-feira que os iranianos vão às urnas para eleger o próximo presidente do país. A escolha determinará o modo como, durante os quatro anos seguintes, Teerão vai lidar com questões como a do acordo nuclear de 2015, a das sanções norte-americanas e a do enfraquecimento da economia do país. São quatro os nomes que surgirão nos boletins de voto e um deles conta já com uma vantagem significativa em relação aos adversários.
Ebrahim Raisi
Foto: Wana News Agency/Reuters
É o atual chefe iraniano da Autoridade Judicial e está à frente dos adversários na corrida às presidenciais por larga margem. É apoiado por muitos políticos e fações conservadores do país e tem aparecido sempre no topo das sondagens. À semelhança do líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, Ebrahim Raisi usa um turbante preto para indicar que é um saíde – título dado aos homens que se acredita serem descendentes do profeta Maomé.
Tem 60 anos e, para além de ser o favorito às presidenciais, é também visto como o candidato mais provável para substituir o atual aiatola, agora com 82 anos, quando este morrer. Um dos adversários de Raisi nestas eleições usou esse facto contra o candidato, argumentando que este poderá abandonar a presidência do Irão caso seja eleito como próximo aiatola.
Ebrahim Raisi cresceu na cidade de Mashhad, um importante centro religioso para muçulmanos xiitas. Frequentou o seminário de Qom e a sua educação tem surgido como um ponto de discórdia nos debates presidenciais: Raisi garante ter um doutoramento em Direito e nega ter apenas seis anos de educação formal.
É acusado de ter desempenhado um papel central na execução em massa de prisioneiros políticos em 1988, pouco depois do fim da guerra entre Irão e Iraque. Raisi nunca mencionou esta acusação publicamente. Durante três décadas ocupou vários cargos de relevo: procurador de Teerão, diretor da Organização de Inspeção-Geral, procurador-geral do Tribunal Especial do Clero e vice-chefe de Justiça.
Foi candidato às presidenciais de 2017, perdendo contra o atual presidente, Hassan Rouhani. Arrecadou 38 por cento dos votos (quase 16 milhões), o que não foi suficiente para vencer. Desde que, em 2019, o aiatola Khamenei colocou Raisi na liderança da Autoridade Judicial, este tem procurado transmitir uma mensagem de luta pela corrupção, por vezes atacando políticos iranianos. Apresenta-se como um “inimigo da corrupção, da ineficiência e da aristocracia” e garante que irá manter o acordo nuclear como um acordo estatal.
Abdolnaser Hemmati
Foto: Wana News Agency/Reuters
É considerado um candidato improvável a estas presidenciais. Hemmati apresenta-se como moderado e “realista”. Tornou-se governador do Banco Central do Irão em 2018, pouco depois de o então presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear e imposto duras sanções a Teerão, que acabaram por fazer afundar a economia iraniana.
Tem 64 anos e os seus rivais nestas eleições têm-no acusado de ser um dos grandes responsáveis pelo estado da economia. Hemmati, que já foi jornalista, tem-se oposto a algumas das propostas mais arriscadas feitas pelos seus adversários, argumentando que estas são impossíveis de alcançar enquanto o país continuar a lutar contra sanções e enquanto o governo tiver de lidar com o défice orçamental.
Promete, no entanto, aumentar os rendimentos das famílias mais pobres e baixar o défice. Quer também restaurar o acordo nuclear de 2015 e diz-se aberto a reunir com o presidente Joe Biden.
Mohsen Rezaee
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Com 66 anos, há muito que tenta chegar à presidência iraniana. É, desde 1997, secretário do Conselho de Discernimento do Irão, órgão que aconselha o líder supremo do país.
Rezaei é veterano da guerra contra o Iraque. Fez parte da Guarda Revolucionária Iraniana e foi fundamental na expansão desse exército. Em 1981, o aiatola Ruhollah Khomeini nomeou-o comandante-chefe da Guarda Revolucionária, posição que manteve por 16 anos.
Há vários anos que se diz contra a implementação de legislação que satisfaça o Grupo de Ação Financeira Internacional, argumentando que tal iria prejudicar o Irão e impedir o país de contornar sanções norte-americanas. Segundo a Al Jazeera, Rezaee chegou a sugerir raptar cidadãos dos EUA e pedir resgates.
Opõe-se ao acordo nuclear de 2015 e promete impulsionar a moeda iraniana, identificar e redirecionar milhares de milhões de dólares alegadamente mal gastos pelo governo, aumentar em dez vezes os subsídios e incluir os jovens, as mulheres e os iranianos marginalizados no seu plano para o futuro.
Amir Hossein Ghazizadeh Hashemi
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Conservador de 50 anos - o mais novo entre os candidatos -, Hashemi tem reunido números muito baixos nas sondagens. É otorrinolaringologista e deputado. Representa, no Parlamento, a população da cidade de Mexede há quatro mandatos consecutivos.
Durante os debates presidenciais, Hashemi procurou demonstrar seriedade, abstendo-se de ataques pessoais e focando-se nas perguntas feitas pelo moderador, ao contrário do que fizeram os seus adversários.
Promete formar um governo jovem que consiga guiar a segunda fase da revolução no Irão.