Presidente da África do Sul resiste a pedidos de renúncia

por RTP
Kim Ludbrook - EPA

O Congresso Nacional Africano (ANC) excluiu o presidente das deliberações desta segunda-feira, em Joanesburgo, sobre o seu futuro na liderança da África do Sul após as acusações de corrupção. Mas Cyril Ramaphosa já afirmou estar disposto a manter-se no cargo, resistindo aos pedidos da oposição para que renuncie à Presidência do país, tendo recorrido ao Tribunal Constitucional para pedir a anulação de um relatório parlamentar que o acusa de corrupção, cujas conclusões abriram caminho a um processo de destituição contra si.

O destino do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa será determinado pelo comité executivo do partido do governo, que vai debater as alegações de que este pode ter cometido má conduta e violado o juramento de posse.

“Foi decidido que não deveria estar na reunião”, referiu em conferência de imprensa o porta-voz do ANC, Pule Mabe, no início da reunião que decorre no sul da capital económica do país, informando que Ramaphosa não esteve presente. “Podemos assegurar-vos que o ANC é capaz de gerir isto; fizemos isso no passado”.

A oposição exige que Cyril Ramaphosa renuncie depois de um painel de especialistas jurídicos ter concluído que ele pode ter infringido a lei. Mas no fim de semana, um porta-voz deu a entender que o presidente não vai renunciar “com base num relatório falso e que não ia deixar o cargo”.

O próprio Ramaphosa, que prometeu combater a corrupção no seu mandato, assumiu esta segunda-feira que o futuro da Presidência está nas mãos do ANC.

“Cabe ao comité executivo nacional tomar qualquer decisão neste assunto”,
afirmou o presidente aos jornalistas, acrescentando que vai contestar a decisão ao Tribunal Constitucional.

Num relatório, divulgado na semana passada, uma comissão parlamentar concluiu que o chefe de Estado sul-africano pode ter violado leis anticorrupção, roubando e escondendo dinheiro em negócios na sua quinta agrícola Phala Phala, em 2020, situada em Bela-Bela, província de Limpopo. As acusações contra Ramaphosa partiram do antigo chefe dos serviços secretos Arthur Fraser, que alegou que o montante em causa era de “aproximadamente entre 4 milhões e 8 milhões de dólares”.

Segundo o mesmo, era um conselheiro do presidente que transportava ilegalmente avultadas somas para a África do Sul desde a Arábia Saudita, Egito, Marrocos e Guiné Equatorial. Acusações que o chefe de Estado nega, sustentando que o dinheiro é produto da venda de um número não especificado de búfalos a um empresário sudanês.

Mas a comissão parlamentar questionou sobre a origem do dinheiro e porque foi escondido das autoridades financeiras, apontando ainda um potencial conflito entre os negócios do presidente e os interesses do Estado.

E o relatório de um painel independente liderado pelo juiz Sandile Ngcobo concluiu que pode haver um caso de destituição do presidente, embora o comité nacional de trabalho do ANC tenha decidido no fim de semana que os deputados do partido na Assembleia Nacional “devem ser instruídos a votar contra o relatório” quando for debatido e votado na terça-feira, segundo a imprensa sul-africana.
pub