Presidente do governo da Catalunha apela à mediação internacional

por RTP
Albert Gea - Reuters

Carles Puigdemont, líder do governo regional catalão exigiu esta segunda-feira a retirada total das forças policiais deslocadas para a Catalunha pelo governo de Madrid e afirma que não teve qualquer contacto com o Governo central de Espanha. Foi ainda anunciada a criação de uma comissão especial de investigação para investigar as queixas de abuso da polícia espanhola durante o referendo de domingo.

Puigdemont apelou à mediação internacional na crise com Madrid, quando o Governo catalão está perante a possibilidade de fazer a declaração unilateral de independência. Um apelo realizado no final de uma reunião extraordinária do Governo catalão, na sequência dos eventos deste domingo.

“O Governo que hoje se reuniu não decidiu declarar a independência. Se houver mediação, falamos de tudo, senão já explicámos o que se passará”, afirmou Puigdemont.

“Não tenho nenhum indício de que a União Europeia possa apadrinhar esta mediação”, disse o líder catalão, “mas não é por isso que deixaremos de apelar ao que me parece ser uma responsabilidade”.

E reiterou que o referendo realizado este domingo é válido e vinculativo.

O líder catalão anunciou a criação de uma comissão especial de investigação para analisar a atuação da polícia este domingo, na tentativa de travar a realização do referendo e que possa refgletir umsa violação dos Direitos Fundamentais. No último balanço conhecido, há registo de 893 feridos. A Policía Nacional e a Guardia Civil usaram bastões e balas de borrachas em vários momentos.

“O dia de violência gratuita de ontem não se pode repetir, nem ficar impune”, reforçou o presidente, dizendo que a comissão vai investigar responsabilidades de agentes, comandantes e responsáveis políticos.


Para Puigdemont, a UE tem de “deixar de olhar para o outro lado” perante o que disse serem as “violações” da carta europeia de direitos fundamentais, alegando que a questão já não é apenas um assunto interno, mas “um assunto europeu”.
UE apela ao diálogo, ONU pede investigação imparcial
A União Europeia apelou esta manhã "todos os atores pertinentes" a passar "da confrontação ao diálogo".

"A violência nunca pode ser um instrumento político", acrescentou o porta voz da Comissão Europeia, e que mais do que aspetos legais, agora é tempo para que todas as partes passem “do confronto ao diálogo”.

Margaritis Schinas defendeu que a questão da Catalunha é do foro interno do Estado espanhol que "tem de ser resolvida dentro da ordem constitucional em Espanha", mas relembra que o referendo de domingo não foi legal.
Inquéritos "imparciais"
Também esta segunda-feira de manhã, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, exortou as autoridades espanholas a realizar inquéritos "imparciais" sobre "todos os atos de violência" cometidos na Catalunha durante a realização do referendo proibido pelo Tribunal Constitucional, este domingo.

"Exorto as autoridades espanholas a garantir inquéritos completos, independentes e imparciais sobre todos os atos de violência", declarou o Alto Comissário numa mensagem escrita, apelando ao diálogo e sublinhando que "as intervenções policiais devem ser sempre proporcionais e necessárias".

Mais de 90 por cento dos votos expressos aprovaram a independência catalã. Já esta segunda-feira, o ministro da Justiça espanhol já veio dizer que ponderá acionar o artigo 155 da Constituição para impedir a declaração unilateral de independência da Catalunha.
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