Presidente do Parlamento Europeu homenageado em Estrasburgo

por Lusa

O Parlamento Europeu prestou hoje homenagem ao seu presidente David Sassoli, falecido na semana passada, numa cerimónia em Estrasburgo, França, durante a qual vários dirigentes europeus destacaram o legado que deixa na Europa, marcado pela defesa dos mais vulneráveis.

Um dia antes da eleição do novo presidente da assembleia para a segunda metade da legislatura, agendada para terça-feira, o Parlamento Europeu consagrou hoje a primeira hora e meia da primeira sessão plenária do ano a um tributo a Sassoli, recordado por todos os intervenientes como um europeísta defensor dos mais desfavorecidos e do Estado de direito. E pelo seu sorriso, mencionado em todos os discursos.

O elogio fúnebre coube ao antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta, amigo próximo de David Maria Sassoli, que destacou a "esperança" que este transmitia.

"A esperança foi a marca da liderança de David. Havia esperança no seu sorriso, nos seus olhos, nas suas palavras. A luta do David pela democracia, liberdade e Estado de direito tem sido uma inspiração para todos nós, um farol de esperança", disse.

O líder do Parido Democrático italiano acrescentou que "o seu sorriso, que atravessa a mente de todos quando se recorda o David, era um dom inato, mas o seu sorriso era acima de tudo um estado de espírito, um sorriso de compreensão".

"A cerimónia [fúnebre] de sexta-feira passada em Roma foi um hino à Europa. Mesmo no momento final, David deixou-nos um grande legado. Nesse dia, com aquela bandeira europeia, ouvindo tantas línguas entrelaçadas, todos sentimos realmente que a Europa não é apenas diretivas, instituições e acrónimos. Não. A Europa é, antes de mais, o seu povo, a sua alma, o seu coração. Sim, abraços, emoções, sorrisos", declarou.

Particularmente emotiva foi a intervenção da líder da bancada dos Socialistas Europeus -- família à qual Sassoli pertencia -, com Iratxe García Pérez a não conter as lágrimas ao recordar o dirigente italiano, sempre preocupado em "melhorar a vida das pessoas, e sempre com um sorriso e um olhar amável".

"Sassoli encarnava a alma da Europa. Não perdemos apenas um grande presidente, perdemos um companheiro, um amigo, e a Europa perde um político exemplar", disse.

Recordando que na sua última intervenção -- por vídeo, por ocasião do Conselho Europeu de dezembro passado -- Sassoli "lembrava o dever de proteger os mais vulneráveis", a líder da bancada dos Socialistas e Democratas afirmou que "a melhor homenagem que se lhe pode prestar é prosseguir o seu legado, construindo a Europa social e uma política migratória que coloque as pessoas no centro".

Também o líder da bancada do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, fez votos para que a assembleia esteja à altura de prosseguir o legado de Sassoli, "um grande europeu", a quem a Europa "deve muito".

"Pessoalmente, perco um amigo. Será recordado como um construtor de pontes, guiado pelos valores da tolerância e solidariedade", disse.

Entre os dirigentes que tomaram a palavra nesta homenagem na assembleia de Estrasburgo contou-se também o Presidente francês, Emmanuel Macron, e também ele recordou "a doçura do sorriso" de Sassoli, assim como "a determinação quase metálica do seu olhar, a sua força, sobretudo quando falava da Europa e dos seus valores, e a sua humildade".

Ausente da cerimónia esteve a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, forçada a falhar a sessão plenária dado o seu motorista ter hoje acusado positivo à covid-19, enquanto Portugal esteve representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus.

Sassoli morreu em 11 de janeiro, aos 65 anos, em Aviano (Itália), onde se encontrava hospitalizado desde 26 de dezembro, sendo o primeiro presidente do Parlamento Europeu a morrer em exercício de funções nas quais estava prestes a ser substituído, no cumprimento de um acordo de partilha do mandato de cinco anos.

David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França, e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do parlamento, regressando no final do ano.

O funeral, com honras de Estado, teve lugar no passado sábado, em Roma.

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