Presidente eleito da Chéquia apela a auxílio "sem limites" à Ucrânia

por Graça Andrade Ramos - RTP
O Presidente eleito da Chéquia, antiga República Checa, general na reserva Petr Pavel Reuters

Petr Pavel, um antigo general da NATO, defendeu esta quinta-feira que não deve ser colocado "qualquer limite" à ajuda militar do Ocidente à Ucrânia, exortando os aliados a ser mais corajosos.

Em declarações à Agência France Presse, o Presidente eleito da Chéquia, que dirigiu a NATO entre 2015 e 2018, considerou o Ocidente deve fornecer a Kiev todo o tipo de armas, exceto nucleares.

"No que diz respeito às armas convencionais, não vejo realmente nenhuma razão para fixar limites", explicou Petr Pavel. "A Ucrânia não pode combater contra um adversário tão duro sem blindados, drones, artilharia e mísseis de maior alcance, nem, talvez, aviões supersónicos".

O Presidente ucraniano, Vladymyr Zelensky, tem apelado o Ocidente a fornecer caças F16 para responder ao domínio aéreo russo.

Os Estados Unidos já responderam que não vão aceder a esse pedido, enquanto a Polónia se dispôs a enviar os seus aviões se tal tiver o apoio dos restantes membros da NATO.

Petr Pavel, general na reserva, ecoou a proposta polaca e deu-a como exemplo da coragem que considera necessária e vê estar a faltar aos aliados.

"Certos países têm uma posição um pouco reservada" sobre a entrega de armas modernas, lamentou.

"Se pretendemos adotar uma posição única, que nos dá melhores probabilidades de sucesso, deveremos agir de forma unida nestas questões", declarou ainda o novo Presidente checo, eleito sábado passado aos 61 anos e cuja tomada de posse está prevista para nove de março.

Desde a invasão de 24 de fevereiro, os países ocidentais, incluindo a Chéquia, forneceram à Ucrânia quantidades substanciais de armamento. Se for necessário mais, deverá ser dado, considerou Pavel.

“Devemos fornecer à Ucrânia todos os meios para ajudar a repelir o exército russo do seu território pelos seus próprios meios”, defendeu o antigo general.

Logo após a sua eleição, o Presidente eleito telefonou a Zelensky para lhe garantir o apoio da Chéquia. Revelou igualmente que pensa deslocar-se a Kiev na primavera, na companhia do sua homóloga eslovaca Zuzana Caputova.

"É importante demonstrar um apoio contínuo à Ucrânia, sublinhar todas as boas coisas e a vontade de prosseguir a nossa iniciativa quanto à Ucrânia. Penso que é isso que a Ucrânia necessita de ouvir" considerou.

Petr Pavel apoiou igualmente a adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO mal termine a guerra.

"Se entendemos a NATO e a UE como uma zona de estabilidade, de cooperação, de boas relações, então devemos permitir que outro grande país europeu se junte a nós", declarou.

"E não é somente que ela mereça aderir, mas também nos aproveita a nós igualmente, tal como a Rússia quando ela estiver pronta a restabelecer relações normais com o Ocidente", alvitrou.

A Chéquia é um país membro da União Europeia e da NATO, tem 10,5 milhões de habitantes e até agora forneceu à Ucrânia ajuda militar orçada em 217 milhões de dólares, indicou o Ministério checo da Defesa à AFP.
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