Cimeira UE-Ucrânia. Bruxelas anuncia novos apoios a Kiev e assegura total apoio

por Joana Raposo Santos - RTP
A cimeira acontece numa altura em que Kiev quer acelerar o processo de adesão à UE. Vyacheslav Madiyevskyy - Reuters

A presidente da Comissão Europeia assegurou esta quinta-feira o total apoio da União Europeia à Ucrânia. Pouco depois, o chefe da diplomacia europeia anunciou a duplicação do número de soldados ucranianos a serem treinados pela UE para 30.000 este ano, assim como um novo apoio de 25 milhões de euros para a desminagem de áreas recapturadas. Ursula von der Leyen e Josep Borrell estão em Kiev na véspera de uma cimeira UE-Ucrânia, acompanhados também pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

“É bom estar de volta a Kiev, na minha quarta visita desde a invasão pela Rússia. Desta vez, acompanhada pela minha equipa de comissários”, escreveu von der Leyen no Twitter.

Estamos aqui juntos para mostrar que a UE está do lado da Ucrânia mais firmemente que nunca. E para aprofundar ainda mais o nosso apoio e cooperação”, acrescentou.

Von der Leyen está acompanhada pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e outros 14 responsáveis políticos da Comissão Europeia, para se reunirem com membros do Governo ucraniano, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky.

Bruxelas descreveu esta visita e a cimeira como um "símbolo forte" do compromisso europeu de apoiar a Ucrânia "face à agressão injustificada" da Rússia.

A cimeira acontece numa altura em que Kiev quer acelerar o processo de adesão à UE, caminho que deverá ser longo, devido às reformas necessárias mas difíceis de realizar por Kiev, principalmente num contexto de guerra.
UE duplica número de soldados a serem treinados
No encontro com Zelensky na sexta-feira, a UE deverá discutir o envio de mais armas e apoio financeiro à Ucrânia, assim como o aumento do acesso de produtos ucranianos ao mercado europeu. Em cima da mesa deverão estar ainda as necessidades de energia de Kiev e a aplicação de mais sanções à Rússia.

Esta quinta-feira, Josep Borrell anunciou a duplicação do número de soldados ucranianos a serem treinados pela UE para 30.000 este ano, prometendo também 25 milhões de euros para a desminagem de áreas recapturadas pela Ucrânia.

"A Europa permanece unida à Ucrânia desde o primeiro dia. E continuará do vosso lado para vencer e reconstruir", escreveu no Twitter o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros.

Bruxelas já destinou, desde o início da guerra, quase 60 mil milhões de euros em ajuda à Ucrânia, incluindo quase 12 mil milhões em apoio militar e 18 mil milhões para ajudar a governar o país este ano, mas recusa-se a oferecer um caminho rápido para a adesão do país à UE.

"A simples verdade é que ainda não chegamos a essa fase", disse um membro da UE à agência Reuters.
Moscovo compara UE aos nazis
Em reação ao encontro entre Bruxelas e Kiev, Moscovo acusou esta quinta-feira a Europa de querer pôr fim à "questão russa" e comparou-a aos nazis, apontando o dedo a Ursula von der Leyen.

“[A presidente da Comissão Europeia] declarou que o resultado da guerra deve ser a derrota da Rússia (...), de modo a que não recuperemos durante décadas”, criticou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, numa entrevista à televisão russa.

“Isto não é racismo, nazismo e uma tentativa de resolver a questão russa?”, questionou, comparando a situação à “solução final da questão judaica”, o holocausto orquestrado pelas forças nazis.

Segundo Lavrov, o Ocidente não usa “câmaras de gás”, mas faz de tudo “para que a Rússia deixe de existir como potência”. O responsável usou como exemplo o apoio militar cedido pelas forças ocidentais à Ucrânia, considerando-o uma “escalada” no conflito, nomeadamente devido à entrega de armamento de longo alcance.

Já o presidente Vladimir Putin, procurando mais uma vez justificar a invasão, acusou, pela primeira vez, a Ucrânia de nazismo e o Ocidente de cumplicidade. O líder russo deverá liderar esta quinta-feira as cerimónias do 80.º aniversário da vitória soviética na Batalha de Stalinegrado.
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