O combate contra a pobreza que ainda afeta uma fatia importante da população em Timor-Leste deve ser "uma prioridade" do Estado, que deve procurar fortalecer os direitos sociais dos cidadãos, defendeu hoje o Presidente timorense.
"O dever de construir uma vida mais digna, sem pobreza, para todos, ainda não está realizado. Esta tem de ser, agora, a prioridade de todos os irmãos e irmãs na terra amada que libertámos e tornámos independente", afirmou.
Questões como saúde e bem-estar, acesso a melhor alimentação, vestuário, habitação e serviços sociais, proteção no emprego e outros aspetos são prioritárias nesta área, defendeu.
"Estes direitos humanos ainda não estão garantidos na nossa terra. É nosso dever, dever do Estado, e dos cidadãos, trabalharmos juntos para realizar estes direitos humanos com urgência. Continua a haver ainda muitas carências e muita pobreza na nossa terra", afirmou.
"O debate político é importante. Mas investir dinheiro do Orçamento do Estado para assegurar acesso a água limpa no país todo também é muito, muito importante. E ainda não estamos a fazer isso", considerou.
"Utilizar os direitos políticos sem trabalhar para melhorar os Direitos Humanos na área social e da economia é chocante e é contra a moral e os valores tradicionais de Timor-Leste. Não podemos adiar mais o investimento do Estado para acabar com a pobreza", considerou.
Sobre a atual situação política, Lu-Olo voltou a pedir um diálogo e um esforço mútuo em defesa destas questões.
"Não podemos permitir que interesses particulares, políticos, partidários ou pessoais estraguem os nossos objetivos nacionais, e estraguem o nosso país. Eu apelo à consciência - e ao coração - de todos para trabalharmos juntos e realizar os direitos humanos básicos na área social e económica, trabalhando juntos para consolidarmos na nossa terra um Estado honesto e um país sem pobreza", disse.
"A política do nosso país independente tem de ser uma política para o bem comum, uma política de valores. Temos o dever de realizar os valores pelos quais tantos heróis deram a vida e tantos, resistentes e veteranos, se sacrificaram", considerou.
Na categoria de Direitos Sociais, Económicos e Culturais foram agraciados este ano o Centro Esperança ba Feto (de apoio a mulheres) e os cidadãos timorenses José Borges da Costa, Arsénio da Silva e António Caleres Junior.
João Teodósio Ximenes é reconhecido na categoria de Direitos Civis e Políticos, por ter enfrentado, desde o tempo da ocupação indonésia, "perigos, promovendo o exercício de direitos civis e políticos e o reforço da Justiça, em alguns distritos do país", tendo "após a restauração da independência continuado o seu ativismo na promoção e reforço da Justiça".
Borges da Costa é reconhecido pelo "trabalho de promoção do acesso à Educação dos jovens desfavorecidos, em Aileu", Arsénio Pereira da Silva por "organizar e mobilizar os agricultores para a defesa do seus direitos e para aumentar a segurança e autosuficiência alimentares".
Já António Caleres Junior é reconhecido pelo ativismo no apoio "aos combatentes durante a luta, em especial em casos de doença", tendo continuando desde a independência um "trabalho permanente de promoção da saúde pública".
O Centro Esperança da Mulher "realiza um trabalho muito importante na proteção de mulheres e crianças contra a violência, em Covalima, especialmente em Suai", apoiando, juntamente com as irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, as mulheres a "melhorarem a sua situação económica".
Os prémios, no valor de 10 mil dólares cada, reconhecem cidadãos timorenses e estrangeiros, organizações governamentais e não-governamentais que se destaquem na promoção, defesa e divulgação dos direitos humanos em Timor-Leste.
Foram criados a 18 de março de 2009 pelo antigo chefe de Estado timorense José Ramos-Horta e visam igualmente assinalar, anualmente, o Dia dos Direitos Humanos.
A iniciativa tem também como objetivo reconhecer o trabalho realizado pelo brasileiro Sérgio Vieira de Mello enquanto chefe da Missão da ONU de Administração Transitória de Timor-Leste, entre novembro de 1999 e maio de 2002.
O diplomata brasileiro morreu a 19 de agosto de 2003, vítima de um atentado no Iraque, depois de ter colocado, como destacou hoje Lu-Olo, "as suas extraordinárias qualidades e a sua capacidade como diplomata (...) ao serviço da comunidade internacional e da paz, encarnando assim o verdadeiro ideal da ONU".