Presidente turco avisa EUA de que podem perder "aliado sincero"

por RTP
Umit Bektas, Reuters

O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan advertiu ontem os Estados Unidos de que as ameaças de sanções emitidas não farão recuar a Turquia. O conflito entre os dois países tem vindo a registar uma escalada nos últimos dias.

Erdoğan referiu-se ontem na Zâmbia, pouco antes de regressar a Ankara, às ameaças norte-americanas e classificou-as, segundo citação do diário turco Hürriyet, como "guerra psicológica".

Dois dias antes o presidente e o vice-presidente dos EUA, Donald Trump e Mike Pence tinham ameaçado a Turquia com sanções se o pastor norte-americano Andrew Brunson, detido na Turquia, não fosse libertado, depois de um tribunal o ter condenado na véspera a prisão domiciliária sob a acusação de "terrorismo".

Entretanto, a condenação do religioso surge no contexto de uma outra ameaça da Administração Trump, de fazer aprovar no Congresso um diploma bloqueando o cumprimento do contrato entre EUA e Turquia, com vista ao fornecimento de jactos F-35. Segundo foi significado ao Governo turco, o contrato só seria cumprido se fossem libertados os cidadãos norte-americanos actualmente em prisões turcas, e também se a Turquia renunciasse a comprar os sistemas russos S-400, para defesa antiaérea.

Erdoğan replicou: "Nós não recuaremos nem um passo se formos confrontados com sanções". E acrescentou que a Turquia recorrerá nesse caso a uma arbitragem internacional, contra o bloqueamento do contrato já assinado sobre os F-35. Concluiu, enfim, em tom de advertência: "Eles não deviam esquecer que perderão um aliado sincero".
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