O barco com as primeiras 131 pessoas reenviadas da Grécia já chegou à Turquia, no âmbito de um controverso acordo assinado entre este país e a União Europeia. Por cada um dos migrantes transferidos, a Europa compromete-se a acolher um refugiado sírio.
Seguem-se outras centenas de migrantes, no âmbito da primeira vaga de reenvio do grupo de pessoas que entraram ilegalmente na Europa, incluindo os refugiados provenientes da Síria. Esta é uma das medidas previstas no acordo UE-Turquia assinado no dia 18 de março.
Greece begins migrant returns to #Turkey - story from Dikili, Turkish coastal town, where first boats arrived today https://t.co/n4w6RmrceV
— Ayla Albayrak (@aylushka_a) 4 de abril de 2016
De acordo com agência France Presse, este é o primeiro grupo composto por 500 migrantes que estão atualmente em território grego.
O transporte acontece depois de um acordo entre a União Europeia e a Turquia, ao abrigo do qual todos os migrantes que cheguem irregularmente à Grécia devem ser reenviados para a Turquia.
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Em 2015, cerca de um milhão de pessoas atravessaram o mar Egeu em direção à Grécia, mas segundo as autoridades gregas, após a entrada em vigor do acordo UE-Turquia, o fluxo diminuiu de forma significativa.
Ainda assim e na sequência do encerramento da "rota dos Balcãs", no final de fevereiro, cerca de 50 mil exilados - não abrangidos pelo acordo - permanecem bloqueados na Grécia.
As deportações para território turco começaram esta segunda-feira de madrugada. De acordo com a Frontex, agência europeia responsável por controlar as fronteiras, outro grupo de migrantes deverá ser transferido ainda esta segunda-feira, a partir ilha de Quios.
#UPDATE First migrant ferry leaves Greece for Turkey under EU deal https://t.co/QFug7NrRyF pic.twitter.com/qTsTZeSfvJ
— AFP news agency (@AFP) 4 de abril de 2016
A chanceler alemã Angela Merkel é considerada a grande responsável por este controverso acordo. Várias organizações não-governamentais e até as Nações Unidas têm contestado o entendimento.
A eurodeputada socialista Ana Gomes terminou no domingo uma visita à ilha grega de Lesbos, onde acompanhou de perto a realidade de vários campos de refugiados e questionou o envio de inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), criticando o acordo.
O que está em causa é uma troca de cooperação para travar a atual vaga migratória. Assim sendo, os líderes da União Europeia concordaram em acelerar a liberalização dos vistos para os visitantes turcos, relançar as negociações de adesão e duplicar, para um total de seis mil milhões de euros, a ajuda que será concedida à Turquia até 2018, no sentido de melhorar as condições de vida dos milhões de sírios já refugiados naquele país.
A Turquia já tinha rejeitado, no fim de semana, as acusações da Amnistia Internacional de que forçava diariamente o regresso de refugiados sírios ao seu país, assolado pela guerra.
Fonte: Wikimedia Commons
"As alegações não refletem, de todo, a realidade", afirmou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia. E acrescentou: "É triste que este tipo de notícias seja partilhado com o público de uma forma tão intensa”.
A Amnistia Internacional acusou ainda a Turquia de forçar ilegalmente grupos de aproximadamente uma centena de sírios a regressarem diariamente a casa, denunciando os efeitos perversos do recente acordo União Europeia-Turquia, sobre os migrantes.
Greece counts down to first Turkey migrant returns under EU deal https://t.co/6jPjArlroH pic.twitter.com/nwANH2Zv5t
— AFP news agency (@AFP) 3 de abril de 2016
Esta organização salientou ainda que a Turquia não é "um país seguro" para os refugiados sírios.
A Turquia, que acolheu 2,7 milhões de refugiados sírios desde o início do conflito em 2011, insiste em desmentir ter forçado sírios a regressarem ao seu país, salientando que "não há mudanças" na política de "porta aberta".
"A Turquia está comprometida em continuar a oferecer proteção aos sírios que fogem da violência e da instabilidade ao abrigo das obrigações internacionais", realçou a diplomacia turca.
c/ agências
