Produção de bitcoin tem enorme impacto ambiental

por RTP
Reuters

A bitcoin, moeda digital, está a ganhar cada vez mais fãs por todo o mundo. No entanto, um novo estudo mostra os impactos ambientais da criação desta moeda, que superam os da extração de ouro e encontra-se ao mesmo nível da extração de gás natural e criação de gado.

O estudo foi realizado pela Universidade do Novo México e publicado na revista científica Scientific Reports. Tendo em conta o valor de mercado da bitcoin, a moeda digital tem um custo ambiental muito elevado.

Os impactos ambientais da mineração de bitcoin estão muito perto daqueles registados na produção suína e na exploração de carvão. De acordo com a análise de economistas, os perigos climáticos que a produção de bitcoin corresponde, em média, a 35 por cento do valor de mercado da bitcoin.

Números praticamente comparáveis com a produção de carne (33 por cento) ou a extração de gás natural (46 por cento).

Em relação à extração de ouro, referência à qual os apoiantes da bitcoin fazem muitas comparações, o impacto da moeda digital é muito superior à extração deste minério.

Estes valores desproporcionais com outras atividades devem-se à maneira como a bitcoin é produzida. O processo envolve a utilização de um software de computação que faz a “mineração” da moeda, algo tem gastos muito altos de eletricidade.

A investigação levada a cabo chegou à conclusão que em 20 dias estudados, houve mais de um dia em que os impactos climáticos da produção da moeda ultrapassaram o valor das moedas produzidas, o que se deve especialmente ao consumo de eletricidade.

Muitos especialistas argumentam que as energias renováveis podem resolver o problema. No entanto, os autores do estudo revelaram que o impacto climático de cada dólar criado pelas energias renováveis era dez vezes pior na produção de bitcoin, um valor alarmante quando se quer considerar o setor sustentável.

A Universidade de Cambridge tem um índice de consumo de eletricidade e estuda agora o uso de energias renováveis na produção de bitcoin. Os resultados mostram que os combustíveis fósseis são usados em dois terços da eletricidade utilizada para a produção de bitcoin.

Um número, diz Alexander Neumueller de Cambridge, que se “desviam claramente dos números apresentados pela indústria que clama que o uso de energias renováveis como fonte de bitcoin cifra-se nos 59,5 por cento”.

No entanto, o valor das emissões caiu nos últimos 12 meses. Tudo por causa do declínio do valor da moeda. Os pagamentos aos “mineradores”, ou produtores de bitcoin, caíram em mais de dois terços, levando muitos a ficar sem negócio.

De acordo com o estudo, as emissões carbónicas de produção de bitcoin são comparáveis às emitidas por países como o Nepal ou a República Centro Africana.
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