Prosseguem as buscas para encontrar sobreviventes do sismo no México

por Sandra Salvado - RTP
Edgard Garrido - Reuters

O mundo está de olhos postos no Colégio Enrique Rébsamen, na Cidade do México, onde continuam os trabalhos de resgate para encontrar “Frida Sofia”, a menina de 12 anos que está presa nos escombros da escola que desabou por causa do sismo. O número provisório de vítimas subiu para 250, de acordo com o último balanço das autoridades.

A população acompanha em direto a emissão da Televisa, onde as autoridades concentram todos os esforços para encontrar “Frida Sofia”. Um nome que ninguém confirmou nas listagens da escola, pelo que não permitiu que a família fosse encontrada, por falta de informação.

Entretanto, as autoridades revelaram que todas as Sofias do Colégio já estão identificadas, pelo que Frida Sofia terá um outro nome.

Os trabalhos de resgate na cidade do México, após o sismo de magnitude 7.1, continuam. No Colégio Rébsamen foram já registadas 37 mortes, 32 das quais crianças.

De acordo com as autoridades, poderão estar mais duas crianças e um adulto presas na mesma zona que a menina de 12 anos. “O resgate está muito próximo (…) Sabemos dessa menina que está viva e ela diz-nos que tem outras crianças vivas perto dela. Não sabemos ao certo quantos serão e queremos ter cuidado com a informação que divulgamos”, referiu José Luís Vergara, oficial-maior da Secretaria da Marinha aos jornalistas.

As autoridades já conseguiram entrar em contacto com a pequena Frida, dar-lhe água e alguns medicamentos, enquanto as equipas de resgate, bombeiros e muitos voluntários vão mantendo os trabalhos para conseguirem retirá-la do local.

O seu primeiro pedido foi para beber água, tendo referido aos socorristas que estava presa debaixo de uma mesa e que sentia dois corpos ao seu lado.

No último balanço oficial, Miguel Ángel Mancera, Presidente do governo estadual da Cidade do México, referiu pelo menos 250 mortos, um número ainda provisório, dada a grande possibilidade de haver mais vítimas debaixo dos escombros.

As autoridades fizeram entretanto vários pedidos de materiais para evitar o colapso ainda maior do Colégio Rébsamen, mas esta quinta-feira de manhã ainda não tinham chegado ao local.

Além de Frida Sofia, as equipas de resgate revelaram que haverá mais outras quatro pessoas vivas debaixo dos escombros. Esta madrugada, Fátima Navarro, um jovem que foi retirada com vida revelou que estava em contacto com outros quatro colegas. A história de Fátima foi descoberta porque esteve sempre em contacto com a sua família através do WhatsApp.

A ajuda à população "já está a ocorrer" com assistência médica e apoio aos afetados, revelou o Presidente Peña Nieto, numa visita a Jojutla, o município do Estado de Morelos, o mais afetado pelo sismo.
O Governador de Morelos, Graco Ramírez, decretou cinco dias de luto no Estado de Jojutla.


Foi ainda instalado um hospital temporário em Jojutla, uma vez que a unidade que funcionava no local sofreu graves danos.

Este é o segundo sismo de grande intensidade no México, no curto espaço de um mês. A explicação está nos movimentos frequentes de placas tectónicas na região.

A 19 de setembro de 1985 a cidade do México sofreu um abalo de 8.1. Não foi o mais forte mas terá sido o mais mortal. Ainda hoje não se conhece o número real de vítimas mas os números apontam para mais de dez mil mortos.
O terreno onde foi construída a Cidade do México
A explicação está debaixo da terra que, no caso do México, fervilha com a pressão de altas temperaturas vulcânicas sobre a camada rochosa.

O país com um longo e intenso historial de terramotos sofre a influência do movimento de quatro placas tectónicas. Foi o movimento da placa de Cocos que fez com que o epicentro deste abalo se registasse desta vez no centro do país.

A Cidade do México foi construída num terreno onde antes ficava um lago, o que não ajuda e faz com que a capital afunde mesmo vários centímetros por ano.

Em vez de amortecer os sismos, amplia os seus efeitos, disse James Jackson, professor de geofísica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Uma ameaça constante numa cidade com mais de 20 milhões de habitantes.

As vibrações ou ondas sísmicas das rochas mais duras e mais profundas são amplificadas pelo solo macio e pelos sedimentos que estão acima delas. "É como construir uma gelatina em cima de algo que pode balançar", disse Jackson.
Prédios continuam a cair
Muitas pessoas abandonaram as suas habitações devido ao perigo de derrocadas. O português Roberto Castro, residente na cidade do México, revelou à Antena 1 que na região se está a viver um caos e os centros de apoio deixaram de fornecer ajuda.

"A situação está má. Estão a ruir edifícios sem parar. Está toda a gente a pedir ajuda e os hospitais estão cheios", concluiu.


c/agências

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