Protesto de trabalhadores limita emissões da rádio guineense a oito horas diárias

por Lusa

A rádio nacional da Guiné-Bissau está a operar apenas oito horas diárias desde que o Governo decidiu cortar o pagamento de subsídios, disse hoje à Lusa o presidente do sindicato dos trabalhadores da estação, Cussa Cissé.

Há mais de 10 anos que a radiodifusão nacional (RDN, emissora estatal) passou a funcionar 24 horas, mas desde o dia 01 deste mês que as emissões começam às 08:00 e terminam às 16:00.

O presidente do sindicato de base da RDN indicou hoje à Lusa que os funcionários decidiram retomar o regime geral dos trabalhadores da Função Pública para protestarem pela decisão do Governo em cortar "quase em 100% dos subsídios dos cerca de 140 funcionários" da estação.

"A nossa atividade não pode ser abrangida pelo regime geral da Função Pública, pois trabalhamos sem horários fixos, aos sábados, domingos e feriados", notou Cussa Cissé.

O sindicalista defendeu que os subsídios "são um complemento" ao "magro ordenado" que disse, auferem, a maioria dos trabalhadores da RDN.

No passado mês de outubro, o Governo guineense decidiu aplicar um reajuste nos salários dos funcionários públicos, mas vários sectores criticam a ação, admitindo cortes nos subsídios.

Um porta-voz do sindicato da RDN, Emersom Correia, afirmou hoje, numa conferência de imprensa realizada fora das instalações da estação, estarem em curso "atos de intimidação" aos trabalhadores por parte da direção do órgão.

Cussa Cissé confirmou aqueles relatos, dizendo ter sido exortado pela diretora do órgão sobre a necessidade de a estação funcionar regularmente, alegando ordens da Presidência da República.

"A diretora disse-me que a rádio tem que funcionar normalmente. Disse-me, por exemplo, que a Presidência (da República) diz que não é normal que um decreto presidencial não tenha sido lido na rádio nacional", observou Cissé citando uma conversa com a diretora, Monica Buaro.

Na sexta-feira, o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, exonerou, por decreto, o ministro do Interior, Mutaro Djaló.

Por norma um decreto presidencial é lido várias vezes na emissão da RDN.

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