Protestos anticorrupção: Kremlin condena “provocação”

por RTP
Sergei Karpukhin - Reuters

O Kremlin rejeitou esta segunda-feira os pedidos dos EUA e da União Europeia para libertar os manifestantes da oposição presos no domingo durante protestos que o governo russo considera "ilegais".

A polícia prendeu centenas de manifestantes em diferentes cidades da Rússia, no domingo, incluindo o líder da oposição Alexei Navalny, depois que milhares de pessoas terem protestado nas ruas contra a corrupção e pedirem a demissão do primeiro-ministro, Dmitri Medvedev.
 
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, já qualificou os protestos como "uma provocação" e disse que as autoridades estão preocupadas porque os ativistas da oposição podem tentar encorajar as pessoas a infringir a lei novamente no futuro. "Adolescentes pagos"
De acordo com o Governo, os protestos contaram com a presença de adolescentes pagos pelos organizadores. O Kremlin respondeu à manifestação acusando a oposição de incentivar a violação da lei e provocar violência.

“O que vimos ontem em muitos lugares, e talvez em particular em Moscovo, foi uma provocação e uma mentira”, disse à imprensa Peskov, acrescentanto que Navalny mentiu ao dizer que as manifestações eram legais.

A União Europeia já tinha apelado esta segunda-feira à Rússia para libertar "imediatamente" as centenas de "manifestantes pacíficos" presos no domingo durante protestos contra a corrupção.

O político da oposição russa Alexeï Navalny e centenas dos seus apoiantes foram detidos no domingo em toda a Rússia durante as manifestações anticorrupção que constituem uma das mais fortes mobilizações que visam o Presidente Vladimir Putin desde o seu regresso ao Kremlin em 2012."As operações policiais na Federação Russa, que tentaram dispersar manifestações e prenderam centenas de cidadãos, incluindo o líder da oposição Alexeï Navalny, impediram-nos de exercer as suas liberdades fundamentais, incluindo liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica, que estão consagradas na Constituição russa", disse um porta-voz da UE em comunicado.

"Instamos as autoridades russas a respeitarem plenamente os compromissos internacionais (...) a respeitar estes direitos e a libertar sem demora os manifestantes pacíficos que foram detidos", acrescentou.

Navalny "foi detido na praça Maïakovskaïa", que fica no itinerário da marcha, proibida pelas autoridades, escreveu na altura o porta-voz Kira Iarmych no Twitter.

"Tudo está bem comigo", escreveu, entretanto, o próprio Navalny na sua conta do Twitter.



As manifestações têm decorrido em várias cidades. A oposição convocou o protesto depois de ter sido divulgado um relatório em que o primeiro-ministro Dmitri Medvedev é acusado de controlar um império imobiliário através de uma rede oculta de uma organização não governamental.

Alexeï Navalny colocou no Youtube um vídeo de 50 minutos no qual descreve as táticas a que acusa o primeiro-ministro de ter recorrido, um documento que teve mais de 11 milhões de visualizações.

 

De acordo com os Navalny, as manifestações estavam previstas para 99 cidades, mas em 72 delas as autoridades opuseram-se à sua realização, invocando razões como operações de limpeza, concertos ou eventos organizados por movimentos favoráveis ao Kremlin.

 

c/ agências

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