PSOE. "Vamos tentar governar sozinhos"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Bandeira do PSOE durante os festejos da vitória a 28 de abril de 2019 Reuters

E assim avança o PSOE para resolver uma equação que se adivinhava difícil. Uma solução empurrada pelos 123 deputados que conquistou este domingo e que deixa Pablo Iglesias, líder do Unidas Podemos, relegado para o papel de muleta do poder - se o aceitar.

A novidade foi anunciada pela vice do Governo. Carmen Calvo, disse esta segunda-feira que o PSOE vai tentar governar com 123 deputados, reafirmando a vontade de se conseguir "estabilidade".

"Faltam muitos dias e Unidas Podemos também vão avançando com compreensão", frisou Carmen Calvo recordando o apoio recebido nos últimos meses. "Reforçaram-nos como governo progressista, podemos continuar a avançar com a fórmula que iniciámos", sublinhou.

"Todos vamos fazendo o caminho e aprendendo", disse. "Há apoio mais do que suficiente para o (PSOE) ser o 'timoneiro do barco'", explicou.

O PSOE estará assim disposto a governar sozinho, com apoios pontuais de outros partidos.

O secretariado geral do PSOE reúne esta tarde, quando forem 16h00 em Lisboa, para analisar os resultados das eleições.
À beira do poder
Se, para o PSOE, em equipa que ganha não se mexe, para Pablo Iglesias a decisão socialista é um amargo de boca  mas nada indica que vá aceitar a solução socialista.

O líder do Unidas Podemos adotou um modo de ser menos reivindicativo e crispado e jogou tudo nos últimos meses na aposta de um PSOE debilitado que necessitasse de aliados, colocando-se na posição de vice de um eventual Governo.

Domingo à noite, tudo parecia encaminhado nesse sentido, tanto que Iglesias assumiu estar "a conversar com Sánchez" e disse que o resultado, "é suficiente para alcançar os nossos objetivos".

Os votos deixaram-no aquém do pretendido, eventualmente devido a uma fuga do seu eleitorado para um voto útil no PSOE. Iglésias não só perdeu 29 deputados, ficando com 42, como acabou por perder a oportunidade de garantir a entrada no Governo.
Espanha dividida ao meio
As eleições espanholas foram as segundas mais participadas de sempre e revelaram uma Espanha dividida em dois, com as esquerdas a conseguir o domínio do Congresso de Deputados e as direitas a ficar longe da maioria.

PSOE e Unidas Podemos têm 165 deputados, mais 18 do que conjunto do Partido Popular, do Ciudadanos e do Vox.

A derrota do PP, que desceu de 136 para 66 deputados, foi o grande destaque da imprensa espanhola, e poderá levar mesmo à demissão do líder, Pablo Casado. A direção do PP reúne-se esta segunda-feira para avaliar os resultados e a resposta a dar.

A noite passada, o líder dos populares pareceu não assumir a total responsabilidade da perda de deputados.

Pablo Casado apontou o dedo à "fragmentação da direita", que fez com que, apesar destes partidos terem obtido quase tantos votos como os dois principais partidos da esquerda, terem perdido força no Congresso.

As direitas obtiveram 11 169 796 votos e PSOE e Unidas Podemos conseguiram 11 213 684. Uma escassa diferença de 43 888 votos. 


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