Puigdemont não convoca eleições e dá a palavra ao Parlamento da Catalunha

por RTP
Ivan Alvarado - Reuters

O presidente do Governo da Catalunha decidiu não convocar eleições antecipadas. Carles Puigdemont explicou que refletiu sobre o assunto mas disse não ter recebido garantias suficientes de Madrid para a sua realização.

“Eu estava pronto para convocar eleições se me tivessem sido dado garantias. Não há garantias que justifiquem a convocação de eleições hoje”, afirmou na declaração feita no Palácio da Generalitat.

O presidente do Governo catalão concretizou dizendo que não lhe foi garantido que as eleições poderiam decorrer num clima de “absoluta normalidade”. “Como sempre, não obtive uma resposta responsável por parte do PP”, acusou.

“O meu dever era tentá-lo. Tentá-lo honestamente para evitar o impacto nas nossas instituições da aplicação do artigo 155 como aprovou o Conselho de Ministros e como será provavelmente aprovado pelo Senado”, explicou.

No fim da sua declaração, o presidente da Generalitat apelou à “serenidade” e pediu que os cidadãos mantenham “o compromisso com a paz”. “Só assim se poderá ganhar”, garantiu.

Puigdemont manteve que não “aceita as medidas do artigo 155” que classifica de “injustas” e "vingativas" e defendeu que compete agora ao Parlamento da Catalunha responder à suspensão da autonomia defendida por Madrid. O Parlamento da Catalunha vai reunir-se a em plenário a partir das 18h00 locais (17h00 em Lisboa).

Ao confiar ao Parlamento a resposta à suspensão da autonomia decidida por Madrid, Carles Puigdemont deixa a porta aberta para que o hemiciclo catalão possa fazer uma declaração unilateral de independência nas próximas horas. A imprensa espanhola avança que esta declaração poderá ser feita esta sexta-feira, às 12h00.
Dia confuso na Catalunha

A declaração de Carles Puigdemont foi feita esta quinta-feira depois das 16h00, na sequência de mais um dia confuso em Barcelona. A declaração do líder catalão estava prevista para a manhã, foi sendo sucessivamente adiada e chegou mesmo a ser cancelada.

A imprensa catalã chegou a noticiar que Puigdemont iria convocar eleições, como o próprio líder catalão teria afirmado aos membros da coligação Juntos pelo Sim. Esta posição terá motivado divisões e fraturas no seio da coligação de independentistas e entre os membros do próprio partido liderado por Carles Puigdemont.

Também esta quinta-feira, Puigdemont respondeu ao Senado espanhol na sequência do pedido de ativação do artigo 155 feito pelo Governo de Mariano Rajoy.

Na nota enviada ao Senado espanhol, o chefe do Executivo da Catalunha considera a invocação do artigo 155 da Constituição mais um passo para adensar a tensão entre Madrid e Barcelona. “Para se resolver uma situação grave, vai criar-se uma situação ainda mais grave”, aponta Carles Puigdemont.

O Senado espanhol está atualmente a debater os moldes de implementação do artigo 155. O presidente do Governo catalão não está presente, fazendo-se representar por um delegado da Generalitat. A vice-presidente do Governo de Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, representa o Executivo de Madrid.
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