Quarenta milhões foram vítimas de escravatura moderna em 2016

por RTP
Tony Gentile - Reuters

Mais de 40 milhões de pessoas foram vítimas da chamada escravatura moderna durante o ano passado. O número foi avançado esta terça-feira por várias organizações parceiras das Nações Unidas. Três em cada quatro escravos é uma menina ou mulher.

A Organização Internacional do Trabalho, Walk Free Foundation e Organização Internacional para as Migrações juntaram esforços pela primeira vez para traçar o quadro internacional das vítimas de escravatura, quer através de trabalho forçado como de casamentos forçados.

Estas organizações estimam que 40.3 milhões de pessoas foram vítimas de escravatura moderna. Uma estimativa conservadora, acrescentam.

Dessas vítimas, 24.9 milhões estão fechadas a trabalhar em fábricas, locais de construção, quintas, barcos de pesca e como trabalhadoras domésticas ou sexuais. 15.4 milhões de pessoas tiveram de casar contra a sua vontade.
A escravatura moderna tem epicentro e é mais prevalente em África, seguindo-se Ásia e Pacífico, revela o relatório.
Três em cada quatro escravas são mulheres e meninas e uma em cada quatro era criança.
 
“Os trabalhadores forçados produzem alguma da comida que comemos e das roupas que vestimos ou limparam os edifícios onde vivemos ou trabalhamos”, revelou o grupo num comunicado, frisando que este crime é transversal a todas as nações.

Dado que a escravatura moderna pode ser ligada às migrações, o grupo alerta que é de “vital importância” que haja melhores políticas sobre as migrações que possam prevenir o trabalho forçado e para proteger as vítimas.


O esforço destas organizações foi agora de tentar encontrar uma estimativa global que se torne um ponto de referência, tentando pôr fim a diferentes número que ciclicamente vão surgindo.

Fiona David, diretora-executiva da Walk Free baseada na Austrália, disse que o número estimado de vítimas contrasta fortemente com os casos de escravatura que chegaram às autoridades competentes.

“Estes números são uma enorme fenda que temos de fechar”, afirmou David.
Quinze milhões de vítimas de casamentos forçados
Ao contrário de outras estimativas anteriores, este relatório inclui os casamentos forçados, em que muitas vezes as vítimas são retiradas de casa, violadas e tratadas como propriedade. Muitas podem mesmo ser compradas, vendidas ou fazer parte da herança de alguém.

O estudo diz que mais de um terço dos 15 milhões de vítimas de casamentos forçados tinha menos de 18 anos aquando do casamento. Cerca de metade dessas vítimas tinha menos de 15 anos. Quase todas eram do sexo feminino.

“O rótulo de casamento é enganador. Quando olhamos para a realidade, também pode ser chamado de escravatura sexual”, diz Fiona David, diretora executiva do grupo de pesquisa.
Exploração infantil envolve uma em cada dez crianças
O trabalho infantil, por seu lado, envolve 152 milhões de crianças. Ou seja, uma em cada dez crianças de todo o mundo. Muitas delas estão envolvidas em trabalho de risco.

Quase dois terços destas crianças trabalhavam numa quinta da família, num negócio familiar, sendo que 71 por cento das crianças estava a trabalhar na agricultura.

O relatório agora dado a conhecer mostra que metade do número total de trabalhadores forçados entraram nessa situação devido a dívidas anteriores e são obrigados a trabalhar até terem pago esse valor.

Quase quatro milhões de adultos e um milhão de crianças são vítimas de exploração sexual forçada.

Este estudo inclui a análise de 48 países. Foram entrevistadas mais de 71 mil pessoas e foi usada informação adicional da Organização Internacional para as Migrações.

c/agências internacionais
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