R. Kelly condenado a 30 anos por abusos sexuais de duas décadas

por RTP
Kamil Krzaczynski - Reuters

O cantor norte americano R. Kelly enfrenta 30 anos de prisão por ter sido considerado culpado dos crimes de tráfico sexual e extorsão em nove acusações envolvendo mulheres e crianças de ambos os sexos. O autor do sucesso "I Believe I can Fly" viu provado em tribunal abusos sexuais cometidos ao longo de mais de duas décadas.

Os sobreviventes de violência sexual, nomeadamente os que hesitaram em falar contra o agressor por medo de represálias, tiveram que esperar mais de 20 anos para ver o músico Robert Kelly responder em tribunal.

Em setembro de 2021, um júri na cidade de Nova Iorque considerou Kelly culpado de tráfico sexual e extorsão em todas as nove acusações.

Quase um ano depois, esta quarta-feira, a juíza distrital Ann Donnelly impôs a sentença no tribunal federal de Brooklyn depois de ouvir sobreviventes que atestaram como a exploração de Kelly teve repercurção nas suas vidas.

De acordo com a acusação, o autor de "I Believe I can Fly" teria usado a sua equipa de agentes para atrair jovens e conseguir o seu silêncio perante os abusos. Utilizava "a fama, o dinheiro e a popularidade [para] predar crianças e jovens mulheres para sua satisfação sexual".

Das vozes dos abusados surgem testemunhos de subjugação a caprichos perversos e sádicos, quando ainda eram menores de idade. Atestaram que Robert Sylvester Kelly exigia que obedecessem estritamente a regras, como precisar da sua permissão para comer ou ir à casa de banho e ainda escrever "cartas de desculpas" que pretendiam absolvê-lo de irregularidades.

A juíza Ann Donnelly declarou que "o público precisa de ser protegido de comportamentos como este".

"Esses crimes foram calculados e cuidadosamente planeados e executados regularmente durante quase 25 anos. O sr. Kelly ensinou a estas pessoas que o amor é escravização e violência".

A equipa de advogados de Kelly pediu uma sentença de 17 anos mas sem sucesso.

O vencedor de vários Grammy Awards, preso desde 2019, tem ainda acusações pendentes associadas a pornografia infantil e obstrução à justiça em Chicago. O julgamento deverá acontecer em agosto.
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