Rashida Tlaib. Democrata americana aponta contradição aos progressistas que "ignoram ocupação da Palestina"

por RTP
A representante do Michigan Rashida Tlaib está a ser alvo de fortes críticas dentro do Partido Democrata. Rebecca Cook - Reuters

A representante democrata do Michigan tomou a palavra na última terça-feira para apontar baterias aos que se dizem progressistas e no entanto continuam a adoptar uma política de dois pesos e duas medidas quando se trata da "ocupação de Israel na Palestina". Uma crítica muito virada para dentro do próprio Partido Democrata que não está a cair bem e já suscitou acusações de anti-semitismo contra Rashida Tlaib.

“Continuaremos a resistir e a não mais aceitar esta ideia de que são progressistas excepto quando se trata da Palestina”, exortou a representante democrata, que tem dupla nacionalidade palestino–americana, quando falava num seminário online organizado pelos Americanos pela Justiça Palestina (Americans for Justice in Palestine Action - AJP Action), copatrocinado pela organização Muçulmanos Americanos pela Palestina (American Muslims for Palestine).

“Quero dizer-vos que, entre os progressistas, ficou claro que vocês não podem dizer sustentar valores progressistas e ao mesmo tempo apoiar o governo de Apartheid de Israel”, declarou Tlaib.

Rashida Tlaib sublinhou a importância das vitórias conseguidas pelo movimento anti-Israel “devido ao trabalho de todos vós e de tantos outros que continuam a falar a verdade ao poder. Centramos as nossas crenças e as nossas ações na verdade de que toda a vida humana é preciosa – e que cada pessoa merece viver livre do medo e ter a oportunidade de alcançar o seu potencial”.

“A necessidade de nos opormos ao governo de Apartheid de Israel é óbvia. O caminho para a libertação da Palestina é longo e assustador, mas deve ser levado até ao fim. Devemo-lo não apenas aos palestinianos, mas às populações oprimidas de todo o mundo que percebem que as nossas lutas são uma e a mesma”, sublinhou a democrata, membro da Câmara dos Representantes desde 2019.

Críticas de dentro e de fora

Os apelos de Tlaib foram ouvidos dentro e fora do Partido Democrata e as críticas não se fizeram esperar. A antiga líder do Comité Nacional Democrata Debbie Wasserman Schultz foi particularmente feroz na resposta a Rashida Tlaib, acusando-a de anti-semitismo.

Debbie Wasserman Schultz, também ela membro da Câmara dos Representantes e de ascendência judaica, considerou que era “vergonhoso e um perigo” que Tlaib deixasse este apelo aos progressistas para que deixassem de apoiar o governo de Israel.

“O escandaloso teste de litmus sobre Israel [avançado por Rashida Tlaib] é nada menos que antissemita”, verberou Schultz na sua conta Twitter.

O mesmo tom crítico foi tomado por Jonathan Greenblatt, líder da ADL – Liga Anti-Difamação -, que também no Twitter acusa Tlaib de querer submeter os judeus americanos a um teste para poderem ser parte do campo progressista.

“Numa frase, Tlaib diz aos judeus americanos que precisam de passar num teste litmus anti-sionista para poderem ser parte dos espaços progressistas, ao mesmo tempo que redobra o seu próprio anti-semitismo, difamando Israel como sendo um Estado de Apartheid. É absolutamente censurável e nada faz para promover a paz. Apelamos às pessoas de boa vontade e líderes de todo o espectro político para que tornem claro que tal antissemitismo não será tolerado”.


As respostas aos tweets de Schultz e Greenblatt mostram um fogo cerrado sobre Rashida Tlaib, grande parte alegando que não faz qualquer sentido a dita contradição apontada pela representante democrata. A palavra de ordem é particularmente uma: é devido total apoio a Israel e ao seu direito a existir como Estado judeu.
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