Rebeldes do Iémen apreenderam navio dos Emirados Árabes Unidos com "material militar"

por RTP
Reuters

Os rebeldes houthis do Iémen confirmaram esta segunda-feira que apreenderam um navio com bandeira dos Emirados Árabes Unidos no Mar Vermelho, alegando que transportava “material militar”. Por sua vez, a coligação militar liderada pela Arábia Saudita acusa os rebeldes de “terrorismo” e afirma que o navio transportava equipamento médico.

A notícia sobre apreensão do navio Rwabee partiu da unidade da Marinha britânica Commercial Maritime Operations (UKMTO, em inglês), que fornece informações ao comércio marítimo internacional. A unidade da Marinha britânica relatou o incidente no seu portal, avançando apenas que um ataque teve como alvo um navio não identificado, a 23 milhas náuticas a oeste do terminal portuário de Ras Isa, localizado no Mar Vermelho, por volta da meia-noite.

Mais tarde, os rebeldes houthis viriam a confirmar o ataque. O porta-voz militar rebelde, Yahya Saree, anunciou na rede social Twitter que o navio "entrou em águas iemenitas sem qualquer autorização" e “pretendia envolver-se em atos hostis” contra a estabilidade do Iémen.

O porta-voz do movimento houthi, Mohamed Abdelsalam, confirmou no Twitter que a operação foi "um sucesso" e ocorreu para "enfrentar a agressão e o bloqueio" impostos pela coligação liderada pela Arábia Saudita e à qual pertencem os Emirados Árabes Unidos, que intervém contra os rebeldes no Iémen desde 2015.

A coligação militar liderada pelos sauditas afirma, por sua vez, que o navio transportava equipamentos médicos de um hospital de campanha saudita na ilha de Socotra e acusam os houthis de “pirataria armada”
. O navio tinha partido da ilha de Socotra, no Mar Vermelho, e dirigia-se ao porto saudita de Jizan, no norte do Iémen, quando foi atacado pouco antes da meia-noite, informou a agência de notícias estatal saudita SPA.

“A milícia houthi deve libertar imediatamente o navio, caso contrário, as forças da coligação tomarão todas as medidas e procedimentos necessários para lidar com esta violação, incluindo o uso da força”, declarou num comunicado o brigadeiro general Turki al-Malki.

Posteriormente, os houthis transmitiram imagens do navio através do seu canal de notícias, Al-Masirah, onde mostravam botes salva-vidas insufláveis do estilo militar, camiões e outros veículos. Um breve vídeo mostrava o que pareciam ser espingardas dentro de um contentor.

“É totalmente óbvio que a informação de que este navio transportava um hospital de campanha civil não está correta”, disse Yahia Sarei. “Isto é claramente material militar”, acrescentou.


Em resposta, a televisão estatal saudita alegou que os houthis transportaram as armas para o navio.A apreensão do navio Rwabee marca o mais recente ataque no Mar Vermelho, uma das principais rotas marítimas para o comércio internacional e de transporte de energia.

O conflito no Iémen teve início em 2014, quando os rebeldes houthis tomaram o controlo das grandes cidades do país, e agravou-se no ano seguinte com a intervenção da coligação árabe liderada por Riade em apoio ao governo internacionalmente reconhecido.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a guerra no Iémen matou 377.000 pessoas, 227.000 das quais devido às consequências indiretas do conflito, como a falta de água potável, a fome e as doenças. A organização considera que o conflito provocou a pior crise humanitária do mundo, estimando que mais de 24 milhões de pessoas, cerca de 80 por cento da população do país, precisam de algum tipo de assistência.

c/agências
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