Recursos ambientais gastam-se mais depressa do que se regeneram

por RTP
Um homem caminha no lago Chandola, na Índia, durante a seca de 2018 Amit Dave - Reuters

A humanidade está a esgotar os recursos existentes no planeta a um ritmo destrutivo. Segundo a Global Footprint Network, o dia em que o consumo excede a capacidade de a Natureza se regenerar para este ano será em 1 de agosto. Desde que há registos, nunca foi tão cedo.

A Global Footprint Network, organização internacional de pesquisa, realiza anualmente uma avaliação que determina o dia em que a humanidade atinge o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para esse ano.

Segundo o estudo relativo a este ano, a humanidade atingiu o limite anual de consumo dos recursos existentes num recorde de 212 dias.

Conhecido como “Earth Overshoot Day”, em 2018 o prazo recuou dois dias fixando-se no primeiro dia de agosto. De acordo com a organização, para manter o nosso consumo de recursos precisaríamos de 1,7 planetas Terra.

O estudo é feito desde 1970, altura em que a humanidade conseguiu viver com o orçamento ambiental anual pela última vez. Desde essa época, o prazo tem vindo a diminuir passando de finais de outubro há 32 anos, para 1 de agosto em 2018.

“As economias atuais estão a seguir um esquema Ponzi com o nosso planeta. Estamos a pedir emprestados os recursos futuros da Terra para operar as nossas economias no presente. Como qualquer esquema Ponzi, isto funciona por algum tempo. Mas à medida que nações, empresas ou famílias se afundam cada vez mais em dívidas, acabam por se desmoronar”, alerta Mathis Wackernagel, diretor executivo e co-fundador da Global Footprint Network.
#MoveTheDate
A Global Footprint Network afirma, no entanto, que é possível reverter-se a tendência. Segundo a organização, se o “Overshoot Day” avançar cinco dias a cada ano, a humanidade voltaria a utilizar os recursos de menos de um planeta em 2050.

Para se atingir a meta, a organização criou a iniciativa #MoveTheDate que pretende encorajar cada pessoa a prestar o seu contributo, promovendo, nomeadamente, a adoção de novos hábitos que reduzam a pegada ecológica.

Subsitutir o consumo de carne por uma dieta vegetariana, por exemplo, representaria uma diferença até cinco dias no “Overshoot Day”. Reduzir a componente de carbono da pegada ecológica da humanidade até 50 por cento, moveria a data até 93 dias.

“É altura de #MoveTheDate [mover a data]. Isto é fundamental para a humanidade prosperar”, afirma Wackernagel.
Portugal já esgotou recursos
Portugal esgotou os recursos renováveis de 2018 a 16 de junho, tendo começado a utilizar meios a que apenas deveria recorrer a partir do início de 2019.

Ocupando o 69º lugar na lista de países com maior pegada ecológica por pessoa, Portugal começou a utilizar o “cartão de crédito ambiental” para este ano. Segundo explica a associação ambientalista ZERO, a pegada ecológica per capita em Portugal “é de 3,69 hectares globais, mas a nossa biocapacidade é de 1,27 hectares globais”.

As alterações climáticas são a maior consequência do consumo excessivo dos recursos naturais e para o diretor da Global Footprint Network, este é um dos grandes desafios que a humanidade enfrenta atualmente.

“Transformar as nossas economias para enfrentar este desafio não é uma tarefa fácil. Mas, assim como a humanidade utilizou a criatividade e a habilidade no passado, podemos fazê-lo novamente para criar um futuro próspero, livre de combustíveis fósseis e de destruição planetária”, conclui Mathis Wackernagel.

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