Reformas em França. Sindicatos não desarmam, Macron não recua

por RTP
A polícia lançou granadas de gás lacrimogéneo durante os protestos de quinta-feira em Paris Yoan Valat - EPA

O Governo francês desafiou esta sexta-feira os sindicatos ao incluir uma cláusula para aumentar a idade mínima de reforma nos próximos dois anos. A reforma de Emmanuel Macron para simplificar o sistema de previdência do país é a maior desde a II Guerra Mundial e é apresentada como essencial para a sua pretensão de tornar a força de trabalho mais flexível e competitiva.

O projeto-lei, que irá ser submetido a apreciação pelos administradores da previdência francesa, apresenta uma idade de reforma para uma pensão integral aos 64 anos.

A restruturação das pensões visa eliminar os 42 regimes de aposentação que existem no país e implementar um sistema que seja universal – o sistema de reforma por pontos. 

A proposta mantém a idade da reforma nos 62 anos, sendo que alguns setores podem reformar-se aos 50 anos. Contudo, os trabalhadores que saírem com essa idade não vão ter direito a pensão integral.Os sindicatos afirmam que esta alteração na reforma vai contra os benefícios conquistados e vai colocar os pensionistas numa situação pior.

Laurent Pietraszewski, secretário de Estado das Pensões, declarou à Reuters que, para um orçamento previdenciário equilibrado, “não poderíamos ter um texto que não fala da idade. Isso está no cerne da reforma”.

As negociações entre os sindicatos e o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, ainda estão a decorrer.
Os sindicatos estão a pedir que o Governo elimine o projeto-lei. A CFDT, a maior central sindical do país, diz estar aberta ao sistema universal de pontos, mas admite que o aumento da idade de reforma “cruza uma linha vermelha”.

Na quinta-feira, milhares de pessoas foram para as ruas de várias cidades francesas, naquele que foi o 37.º dia de greve geral.

Édouard Philipe admite poder encontrar uma forma de equilibrar o orçamento da previdência, que não implique aumentar a idade da reforma, enquanto o projeto-lei é avaliado pelo Parlamento. No entanto, afirma que essas alterações não vão acontecer da forma desejada pelos sindicatos.
Macron "não parece ter compreendido a situação social"

Emmanuel Macron não parece estar disponível para alterar a proposta de lei das reformas. Na sua mensagem de Ano Novo, o Presidente francês reiterou a sua determinação em alterar o sistema de pensões.

Após a mensagem de Ano Novo, vários especialistas afirmar que Macron “não parece ter compreendido a situação social do seu país”.

O Chefe de Estado francês afirmou, na sua mensagem, estar decidido a aplicar um novo sistema de aposentação e colocar um fim aos regimes especiais, do qual os ferroviários e os funcionários dos transportes públicos são os mais beneficiados.

"A reforma do sistema de aposentação, que eu vos prometi e é levada a cabo pelo Governo, será implementada. Que não se enganem. Oiço por aí, sobre essa questão muito importante, que é o próprio coração da identidade francesa, muitos receios e angústias que emergem. Oiço também por aí muitas mentiras e manipulação”, afirmou Macron.

Macron lembrou também a responsabilidade coletiva para com as gerações futuras e reiterou a necessidade de garantir o futuro do sistema de pensões.

O Presidente francês admitiu ainda que possam ser tomadas em consideração algumas atividades profissionais.
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