Relatório aponta uma África atual "menos segura e democrática"

por RTP
Reuters

África é nos dias de hoje um continente “menos seguro e menos democrático” do que há uma década. Este facto é apontado no índice de governação de África publicado esta quarta-feira e onde a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia surgem como causa para serviços de saúde menos qualificados e preços de comida excessivamente altos.

O índice (Ibrahim Index of African Governance), que estuda políticas de segurança, saúde, educação, direitos e participação democrática, foi lançado em 2007 por Mo Ibrahim, empresário sudanês, que realça no último relatório a melhoria da qualidade de vida em África durante a última década: “No entanto, existem forças que nos puxam para trás. A segurança das nossas pessoas está a deteriorar-se”, disse Ibrahim.

O sudanês apontou preocupações com as alterações climáticas que têm afetado mais os países com menores rendimentos e que podem levar no futuro a mais guerras pelos recursos naturais, o que já está a acontecer em alguns locais da Nigéria, Darfur e no Sahel, no norte do continente.

A guerra na Ucrânia também está na equação: “A guerra na Ucrânia tem sido um desastre para nós, está a afetar o preço do nosso petróleo, o preço da comida. É um grande problema. Temos tido pouca sorte devido a choque atrás de choque que temos sofrido – a covid-19, que foi um choque a nível de saúde mas também para a economia – e pudemos ver muitos países africanos com uma crise económica crescente”, explicou Ibrahim.

De acordo com o relatório, segurança, leis e Direitos Humanos regrediram em pelo menos 30 países. O documento realçou que as liberdades democráticas estavam a ser encurtadas, havendo apelos para o fim da brutalidade policial na Nigéria e no Sudão, uma realidade em crescendo desde 2016.

As ligações à Internet, telefone e infraestruturas têm, por seu lado, vindo a melhorar as oportunidades económicas nos países africanos desde 2012. Serviços de saúde, para crianças e grávidas, e controlo de doenças registaram também uma melhoria e o mesmo aconteceu com a educação: houve esforços para que as crianças terminassem os estudos, apesar de esta evolução ter sido condicionada e registado um abrandamento com a pandemia.

Tunísia, Seychelles e ilhas Maurícias são os países com os governos mais eficazes, enquanto Sudão do Sul, Guiné-Bissau e Somália têm aqueles que são considerados os piores executivos de África. O relatório sublinha a situação do Sudão do Sul, país em que três quartos da população vive com fome e onde escasseiam as oportunidades económicas.

A Líbia foi o país cuja governação se deteriorou mais na última década, devido à guerra civil no país, apresentando maus índices na saúde, educação e serviços sociais de todo o Continente Africano.

Gâmbia e Seychelles, por seu lado, são dois países que apresentam grandes melhorias: o relatório realça a maior participação democrática, com eleições mais justas, e maior liberdade para a sociedade civil trabalhar em conjunto.
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