Representantes da UE e Timor-Leste reúnem-se em Díli para intensificar cooperação

por Lusa

Díli, 21 mai 2019 (Lusa) -- Representantes da UE e do Governo timorense concordaram hoje que alterações climáticas, segurança marítima, gestão dos bens públicos e desenvolvimento inclusivo e sustentável devem ser as bases do novo acordo de cooperação europeu com a Ásia e Pacífico.

Num encontro político em Díli, sublinharam ainda a importância da preparação para catástrofes, a gestão das pescas e dos oceanos e a paz e a segurança como elementos que devem ser considerados na negociação em curso para substituir o atual Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento de Cotonu.

Um texto que, segundo a reunião de Díli, deverá "refletir as prioridades regionais e globais que interessam a Timor-Leste, à UE, à Ásia e às regiões do Pacífico", refere um comunicado conjunto emitido hoje.

Este foi um dos temas em debate hoje no quinto diálogo político anual entre a UE e Timor-Leste, que decorre no âmbito do Acordo de Parceria África, Caraíbas e Pacífico (ACP) - UE (Cotonou), e que foi copresidido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Dionísio Babo Soares e pelo secretário-geral Adjunto do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), Jean-Christophe Belliard.

A reunião política permitiu ainda fazer um ponto da situação sobre a cooperação europeia com Timor-Leste, com o reconhecimento do "valor e o impacto das atividades de cooperação para o desenvolvimento da União Europeia, a nível bilateral e regional".

"A União Europeia é um parceiro estratégico e de desenvolvimento muito importante para a República Democrática de Timor-Leste. A relação entre Timor-Leste e a UE abrange muitas áreas de interesse mútuo e a agenda que nos é apresentada é um testemunho dessa relação", disse Dionísio Babo.

"Acredito que Timor-Leste e a UE continuarão a manter esta boa relação e que esse diálogo político continuará a ajudar, apoiar e reforçar a nossa relação nos próximos anos", frisou.

Jean-Cristophe Belliard, por seu lado, recordou que "a UE tem uma relação e uma amizade de longa data com Timor-Leste e o seu povo, baseada num legado de valores comuns, cooperação e relações económicas e comerciais construtivas".

O encontro de Díli, disse, permitiu debater "uma vasta gama de questões de interesse mútuo" com vontade de continuar a trabalhar em estreita colaboração.

Entre 2014 e 2020 os programas de desenvolvimento e cooperação da UE ascenderam a 95 milhões de euros, centrando-se em áreas específicas como a saúde e nutrição, desenvolvimento rural (sistemas agroflorestais, reabilitação de estradas) e infraestruturas sustentáveis.

No âmbito dessa cooperação, o encontro de Díli permitiu ainda analisar questões como "os desenvolvimentos no domínio das comunidades rurais, boa governação, descentralização administrativa e gestão das finanças públicas", refere o comunicado.

"Os direitos humanos, em especial a igualdade entre homens e mulheres, e as ações destinadas a combater a violência baseada no género foram objeto de especial atenção", refere o texto.

Os participantes debateram também o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país, a diversificação económica e a cooperação para o desenvolvimento com a UE e outros parceiros.

As duas partes reiteraram a importância do alinhamento nas instâncias internacionais com o objetivo de consolidar o multilateralismo e a colaboração em organizações regionais, tais como o Fórum Regional da ASEAN (ARF), incluindo o compromisso de Timor-Leste de aderir à ASEAN, bem como o seu compromisso com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF).

A reunião de Díli contou com a participação, entre outros, dos ministros da Agricultura e Pescas, e das Obras Públicas, da ministra interina das Finanças, do ministro interino da Administração Estatal, bem como da secretária de Estado para a Igualdade de Género e Inclusão, do secretário de Estado para a Proteção Civil e o comissário da Comissão Anticorrupção.

Recorde-se que o Acordo de Cotonu constituiu "um quadro de cooperação da União Europeia para o desenvolvimento económico, social e cultural dos Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP).

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