Responsávéis da União de Médicos da Turquia detidos após crticas à ofensiva turca em Afrine

por Lusa

Ancara, 30 jan (Lusa) - Oito responsáveis da União dos Médicos da Turquia (TTB) foram hoje detidos, depois de críticas implícitas do sindicato contra a ofensiva turca em curso no enclave de Afrine, no noroeste da Síria, divulgou a agência estatal Anadolu.

Os oito detidos são membros do Conselho Central da TTB, o órgão dirigente, incluindo o presidente Rasit Tükel. Foram emitidos mandados de detenção contra outros três membros deste órgão, acrescentou a agência.

O Ministério Público em Ancara anunciou na segunda-feira que abriu uma investigação contra a TTB, na sequência de uma denúncia apresentada pelo Ministério do Interior contra aquela estrutura sindical por esta ter divulgado uma declaração a criticar implicitamente a ofensiva, alegando que representava "um problema de saúde pública".

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou no passado domingo a TTB, acusando os seus membros de serem traidores.

No passado dia 20 de janeiro, Ancara lançou uma ofensiva em Afrine contra uma milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG), classificada como "terrorista" pela Turquia, mas aliada dos Estados Unidos na luta contra o grupo Estado Islâmico.

Desde o início da ofensiva na Síria, as autoridades turcas tentaram travar as críticas. Mais de 300 pessoas foram presas por "propaganda terrorista" em redes sociais contra a operação em Afrine.

As organizações não-governamentais manifestaram a sua preocupação com a liberdade de expressão no país, com a Human Rights Watch a denunciar na semana passada uma "intolerância às críticas" por parte das autoridades turcas.

As YPG estão intimamente ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo classificado como "terrorista" por Ancara e pelos aliados ocidentais, que lideraram uma sangrenta guerra de guerrilha em solo turco desde 1984.

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