O New York Times publicou uma investigação sobre a última década de conflitos opondo Israel ao Irão. Segundo o jornal norte-americano, Israel quase atacou o Irão. O que ainda pode vir a acontecer.
Segundo a investigação do NYT, Israel esteve muito perto de atacar o Irão em 2012. Os Estados Unidos detectaram drones israelitas descolando do Azerbaijão para espiar o Irão, e viram grupos de aviões israelitas a prepararem-se para um ataque.
Nesse ano, o então ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, cancelou um exercício militar conjunto entre os EUA e Israel, para que não dificultasse um possível ataque.
Porque é que Israel não chegou a atacar?
O principal motivo terá sido a constante oposição americana a esta ideia. Barack Obama, presidente dos Estados Unidos na altura, opunha-se fortemente à ideia deste ataque. Contudo, não era o único.
Também o presidente Bush se opôs ao ataque. Numa reunião em 2008 com o então primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o general Barak, Bush interrompeu o general que defendia um ataque ao Irão. “Ele bateu na mesa assim”, recordou Olmert em declarações ao NYT, “e disse: 'General Barak, sabe o que significa não? Não é não'”.
Se não há dúvidas da clara oposição dos Estados Unidos a um ataque, a investigação do jornal norte-americano revela que os Estados Unidos simularam um no seu próprio território.
Netanyahu teria atacado o Irão se tivesse os votos
Netanyahu disse entretanto que, apesar da pressão norte-americana, nada disso o dissuadiu de um ataque. "Se eu tivesse maioria, teria conseguido".
Entre os oponentes estava Benny Gantz, que está a concorrer contra Netanyahu nas eleições que decorrerão daqui a menos de duas semanas.
O artigo do NYT sugere que as ameaças de um ataque de Netanyahu podem ter convencido Obama a resolver a situação diplomaticamente. Embora algumas pessoas, incluindo Netanyahu, contestem esta relação de causa e efeito, outras versões dizem que Netanyahu inadvertidamente avançou com o acordo que ele próprio abomina.
Segundo Dennis Ross, a pressão israelita afetou a decisão de iniciar as negociações, aconselhando Obama a agir diplomaticamente. "A menos que pudéssemos fazer algo que mudasse a equação, os israelitas iriam agir militarmente".
O presidente Trump assumiu o cargo em 2017 com a promessa de se retirar do acordo com o Irão, o que fez no ano seguinte. Desde então, as tensões aumentaram e Israel foi atingido forças controladas ou apoiadas pelo Irão.