Rússia contra-ataca: humorista vende gambozino, ministra espanhola compra

por RTP
Cospedal (à dir.) com a sua homóloga italiana Eric Vidal, Reuters

Os humoristas russos Alexei e Vladimir Kuznetsov vingaram-se cruelmente das acusações de Madrid que davam a Rússia como instrumentalizadora do separatismo catalão. A ministra espanhola da Defesa cobriu-se de ridículo.

A agência noticiosa russa Sputnik relata o telefonema de Alexei Kuznetsov à ministra Maria Dolores Cospedal, a fazer-se passar pelo ministro letão da Defesa e a oferecer-lhe informações bombásticas sobre o alegado envolvimento russo na Catalunha.

Em declarações à Sputnik, o outro humorista da dupla, Vladimir Kuznetsov, afirmou: "Nós reparámos na ministra espanhola da Defesa, Maria Dolores de Cospedal, depois das suas alegações segundo as quais era visível a 'mão de Moscovo' no referendo da Catalunha. Contactámo-la, Alexey apresentou-se como ministro letão da Defesa e prometeu entregar-lhe documentos secretos, mostrando que o antigo líder da Catalunha, Carles Puigdemont, é um agente da inteligência russa como o pseudónimo Cipollino".

A ministra, cortêsmente, respondeu-lhe que não duvidava, mas acrescentou que continuam a ser precisas provas sobre o envolvimento russo no referendo catalão - o que praticamente constituía uma confissão de o seu Governo ter lançado uma atoarda, sem poder documentá-la.

O humorista replicou-lhe que isso não seria problema e prometeu partilhar com ela a informação explosiva recolhida pelos serviços secretos da Letónia. Adiantou-lhe também que tinha provas, através de comunicações russas interceptadas pelos seus serviços, segundo as quais 50 por cento dos turistas russos na Catalunha eram espiões.

No vídeo que os humoristas divulgaram em Youtube, Cospedal pergunta, incrédula: "Cinquenta por cento?!". Mas mostra-se interessada e volta mais tarde a telefonar-lhe, dizendo já ter falado com Mariano Rajoy. A ser certo o relato de Sputnik, a palhaçada de Kuznetzov terá sido tão convincente que não só caiu no engodo a ministra, mas também o presidente do Governo de Madrid.

A certa altura, Cospedal começou a duvidar da autenticidade do interlocutor, que deveria ter sido suspeita logo quando ele lhe ofereceu o apoio do Exército letão para garantir a integridade territorial do Estado espanhol.

Na versão que dá da conversa, na sua conta de Twitter, Cospedal não refere todos os desenvolvimentos da conversa e situa o momento da sua desconfiança sobre a chamada logo no início do contacto. Mas alguma imprensa catalã não deixa de ridicularizar a ministra.
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