Rússia culpa Washington por atrasos no desarmamento nuclear
A diplomacia russa acusou hoje a Administração norte-americana de estar a atrasar as negociações sobre o desarmamento nuclear, que deverão dar lugar a um acordo para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START-1) de 1991. O novo pacto é encarado como um elemento essencial para o relançamento das relações entre Washington e Moscovo.
Para Lavrov, "é tempo de pôr de parte desconfianças excessivas" e abrir caminho a procedimentos simplificados para a verificação das reduções nos números de ogivas. Em contraste com os complexos mecanismos instituídos pelo START-1, o novo acordo, defendeu o ministro russo, deve dar lugar a um processo "menos complicado e menos caro".
Os números exactos dos arsenais detidos pelos Estados Unidos e pela Rússia não são conhecidos. A última estimativa do Boletim de Cientistas Atómicos, uma publicação norte-americana criada em 1945, apontava, no início do ano, para a existência de 2.200 ogivas nucleares activas no flanco dos Estados Unidos. A Rússia terá 2.790.
Negociações lançadas em Julho
Em Julho, durante a cimeira de Moscovo, os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos encarregaram os agentes diplomáticos dos dois países das negociações para a substituição do START-1 até 5 de Dezembro. A data passou e a Administração norte-americana admite agora que as conversações terão de prosseguir em 2010. Na capital russa, Dmitry Medvedev e Barack Obama estabeleceram duas metas: reduzir o número de ogivas nucleares operacionais em cerca de um terço, para um número entre as 1.500 e as 1.675, e abater mísseis, aviões bombardeiros e submarinos para 500 a 1.110 unidades.
As negociações, afiançava um responsável norte-americano na noite de quarta-feira, "vão continuar até ao Natal, serão interrompidas na quadra e depois retomadas em Janeiro".
Uma fonte diplomática citada pela edição russa da Newsweek alega que teria sido o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, quem convenceu Medvedev a protelar as negociações. A diplomacia norte-americana, escreve a revista, estaria a contar com a assinatura do novo acordo antes da entrega do Prémio Nobel da Paz a Barack Obama, uma cerimónia que teve lugar há uma semana em Oslo. Contudo, segundo um alto diplomata citado pela revista, uma tal insistência foi "um erro táctico". Isto porque em Moscovo "esse pedido foi encarado como uma manifestação de fraqueza".