Rússia prepara-se para enfrentar maior onda de calor dos últimos 120 anos

por Inês Moreira Santos - RTP
Evgenia Novozhenina - Reuters

Uma onda de calor recorde deve atingir grande parte da Rússia esta semana, com Moscovo a atingir temperaturas acima dos 36 graus Celsius. As autoridades estão a alertar para os riscos de calor extremo para a saúde e a pedir às empresas para reduzirem os horários de trabalho nos próximos dias.

No mês passado, a Rússia registou a segunda maior temperatura média em maio dos últimos 130 anos, segundo o sistema de monitorização climático do país, Rosgidromet.

Maio de 2021 tornou-se oficialmente o segundo mês de maio mais quente na Rússia desde que as medições começaram em 1891 - perdendo apenas para maio de 2020, cujas temperaturas médias foram 0,5 grau Celsius mais altas.

"A mudança de temperatura na Rússia nos últimos dois séculos é impressionante"
, comentou no início deste mês o meteorologista Scott Duncan, através do Twitter.

Esta segunda-feira, Evgeny Tishkovets, especialista do centro meteorológico de Fobos da capital, afirmou à Russia Today que "a temperatura vai exceder o normal para o clima desta época, 13 a 15 graus a mais".

"Além disso, quase todos os dias vão ser registados níveis de calor que não são sentidos há mais de um século de medições".

É muito provável, segundo o especialista, que seja ultrapassado "um recorde absoluto durante o mês de junho, o que não acontecia desde 1901, com uma temperatura do ar de mais 34,7 graus".

"Um calor comparável só foi registado há 120 anos", recordou o meteorologista.

O Distrito Federal Central, onde vivem mais de 38 milhões de russos, vai enfrentar níveis altos de radiação ultravioleta.

O diretor científico do Centro Hidrometeorológico da Rússia, Roman Vilfand, disse à RIA Novosti que "esta situação é rara na Rússia europeia" e alertou a população para "ter cuidado com o sol forte".

O sistema de monitorização de saúde Rospotrebnadzor anunciou, esta segunda-feira, que as empresas deviam considerar a redução da duração dos horários de trabalho se os escritórios e espaços de trabalho estiverem a temperaturas acima dos 28,5 graus.

Em 2010, recorde-se, uma onda de calor quase sem precedentes atingiu a Rússia Ocidental, com temperaturas muito acima da média sazonal. Estima-se que 55 mil pessoas tenham morrido devido a estas condições extremas, e que a produção agrícola tenha caído 25 por cento.

De acordo com o Moscow Times, a Rússia está a aquecer 2,5 vezes mais rápido do que o planeta como um todo.

Já no ano passado, grandes incêndios florestais varreram a Sibéria e as temperaturas ultrapassaram os 38 graus Celsius no Extremo Norte, quebrando os recordes de temperatura do Ártico. Estima-se que mais de 1,15 milhões de hectares de floresta tenham ardido em junho de 2020 devido às alterações climáticas, o que preocupa os ambientalistas.
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