Sánchez, Feijóo, Abascal ou Díaz. Os candidatos e os programas em jogo nas eleições de Espanha

Os espanhóis são chamados este domingo às urnas para decidir o futuro do país nos próximos quatro anos. Pedro Sánchez (PSOE), Alberto Feijóo (PP), Santiago Abascal (Vox) e Yolanda Díaz (Sumar) disputam os primeiros lugares nestas eleições gerais antecipadas. Mantém-se até ao derradeiro instante a dúvida sobre quem vai governar. Direita ou esquerda, que bloco sairá vencedor das eleições legislativas? E quem são os candidatos favoritos e o que pretendem fazer com o país vizinho?

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Candidatos às eleições legislativas de 23 de julho em Espanha: líder da esquerda Sumar, Yolanda Díaz, primeiro-ministro e líder socialista Pedro Sánchez, líder do Partido Popular da oposição, Alberto Núñez Feijóo e líder do partido de extrema-direita Vox, Santiago Abascal (da esquerda para a direita) Edição RTP | 1. Miguel Vidal - Reuters, 2. Juan Medina - Reuters, 3. Albert Gea - Reuters, 4. Jon Nazca - Reuters

Tudo aponta, de acordo com a maioria das sondagens publicadas até terça-feira, para uma viragem à direita com a vitória do Partido Popular, de Alberto Nuñez Feijóo. Mas sem maioria absoluta será necessária uma coligação com o partido de extrema-direita Vox, de Santiago Abascal, para que o PP possa governar.

Apenas uma das sondagens, a última publicada pelo organismo público Centro de Investigações Sociológicas (CIS), contradiz as previsões de vantagem da direita e dá a vitória ao Partido Socialista (PSOE), de Pedro Sánchez, com a nova plataforma de esquerda o Sumar, de Yolanda Díaz, a assumir o terceiro lugar.

A luta pelo terceiro lugar, entre o Vox, de Santiago Abascal, e o Sumar, de Yolanda Díaz, é decisiva para o futuro de Espanha. O partido a consagrar-se como terceira força política poderá permitir revalidar um governo progressista com o PSOE, neste cenário o Sumar, ou mudar o rumo do país e formar um novo governo conservador e nacionalista, o que aconteceria com o Vox.

Os quatro candidatos favoritos à presidência do governo espanhol apresentam ideias, propostas e visões distintas para o país.

Quem são os candidatos que querem governar e o que pretendem fazer com Espanha?


Programas Eleitorais do Sumar, PSOE, PP e Vox | Edição - RTP

  • Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista (PSOE)

Pedro Sánchez (Madrid, 51 anos) é o atual primeiro-ministro espanhol e líder do Partido Socialista Operário Espanhol. Chegou ao poder em 2018, depois de uma moção de censura bem-sucedida contra Mariano Rajoy, e foi reeleito como primeiro-ministro nas eleições legislativas de novembro de 2019. O líder do Governo é conhecido pela abordagem progressista e pela defesa de políticas sociais e económicas mais inclusivas, com foco na igualdade social e no investimento em serviços públicos e na transição ecológica.

Principais medidas:

  • “Política económica ao serviço da cidadania”: estímulo ao crescimento económico sustentável e à criação de empregos, com medidas de apoio às pequenas e médias empresas.
  •  “Elevador social que garanta o bem-estar e a igualdade de oportunidades”: investimento em educação e saúde pública para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços.
  • “Uma agenda verde”: implementação de políticas para impulsionar a transição ecológica, através das energias renováveis e combater as mudanças climáticas.
  • “Espanha Feminista”: promoção de políticas de igualdade e inclusão social, com foco em questões de género e igualdade salarial. “Aberta ao mundo”: fortalecimento da coesão europeia, manifestação de apoio à Ucrânia na luta pela paz, liberdade, soberania e integridade territorial.
  • Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP)

Alberto Núñez Feijóo (Ourense, Galiza, 61 anos) é o atual presidente do Partido Popular e antigo chefe do governo regional da Galiza. O novo líder do partido de centro-direita sucedeu a Pablo Casado em abril do ano passado, depois de ter estado à frente dos destinos da região autónoma da Galiza durante quatro mandatos com maioria absoluta. Conhecido por ser mais centrista do que conservador, defende a estabilidade económica e a unidade nacional como pilares fundamentais.

Principais medidas:
  • “Crescer de forma sustentável”: Redução da carga fiscal e um “desagravamento fiscal imediato para as famílias”, eliminando o imposto sobre as grandes fortunas, para estimular o crescimento económico e aumentar a competitividade das empresas.
  • “Cuidar e prosperar”: Implementação de um pacto de Estado que melhore a conciliação da vida profissional e familiar, a maternidade, a paternidade e a família, e de um exame único de acesso à universidade para todo o país.
  • “Regenerar e respeitar”: Reforma da “Lei da Memória Democrática” por uma nova lei consensual e da da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional "para restaurar o seu prestígio institucional, garantir a excelência profissional, a desvinculação política e a exemplaridade dos seus membros".
  • “Servir”: Promoção dos direitos dos cidadãos, em relação à ação administrativa e à inteligência, pretende reformar a Administração Geral do Estado que ofereça um serviço mais transparente “com horários alargados e sem marcação prévia”, recuperando “o atendimento pessoal, presencial e sem demoras”.
  • “Liderar e influir": Compromisso em reforçar os laços com a comunidade ibero-americana de nações e a “liderar os esforços europeus para assinar o acordo UE-Mercosul.

Aceda aqui ao Programa Eleitoral do PP

  • Santiago Abascal, líder do partido Vox
Santiago Abascal (Bilbau, País Basco, 47 anos) é o líder do partido de extrema-direita espanhola Vox, desde 2014 e candidato pela quarta vez consecutiva nas eleições legislativas. Conhecido pela abordagem nacionalista, eurocética e anti-imigração, defende a proteção dos valores tradicionais espanhóis, o controlo das fronteiras e uma maior centralização do poder do Estado.

Principais medidas:
  • “Igualdade entre os espanhóis”: redução da autonomia regional e centralização do poder em Madrid, com uma devolução imediata ao Estado das competências em matéria de educação, saúde, segurança e justiça.
  • “Unidade de Espanha”: defesa da unidade nacional, oposição ao separatismo catalão, revogação da lei da Memória Democrática ou LGBTI.
  • “Empregos e salários dignos”: aumento dos salários, redução drástica dos impostos e da regulação abusiva, aumento dos incentivos fiscais para a contratação jovem, maior de 45 anos, grávidas ou mães e pais de filhos com incapacidade;
  • “Tributação para a prosperidade”: supressão do Imposto sobre a riqueza das grandes fortunas, eliminação do imposto sobre o património, sobre as sucessões, as doações e as mais-valias em todo o território nacional.
  • “Segurança e Defesa”: fortalecimento das fronteiras e políticas de imigração mais restritivas.

  • Yolanda Díaz, líder do partido Sumar
Yolanda Díaz (Fene, Corunha, 52 anos) é a líder do Sumar, vice-presidente do atual governo de Pedro Sánchez, desde 2021 e ministra do Trabalho e da Economia Social, desde 2020. Até setembro de 2021, era uma das principais figuras do partido Unida Podemos. A líder de esquerda, considerada progressista, ambiciona “melhorar a vida das pessoas” através de uma “democracia económica e socio ecológica” e uma “sociedade do bem-estar” que seja justa, saudável e verde.

Principais medidas:

  • Mais emprego, com melhores condições de trabalho” através da diminuição da taxa de desemprego, da criação de novos postos de trabalho, da redução do horário de trabalho sem reduzir o salário ou do aumento do salário mínimo.
  • “Aumentar o poder de compra face aos efeitos da inflação” controlando o preço dos arrendamentos, estabelecendo um cabaz de compras básico, variado, de qualidade e acessível a todas as famílias ou facilitando o pagamento de hipotecas de taxa variável às famílias.
  • “Promover a igualdade de género no mercado de trabalho e na prestação de cuidados” através da eliminação das disparidades salarias entre homens e mulheres e a aplicação do princípio, de um salário igual para trabalho igual.
  • “Mais igualdade e melhor proteção social” através da implementação de um “Subsidio Universal” de 20 000 euros, aos 23 anos de idade, para ajudar os jovens a prosseguirem os estudos ou a iniciarem uma carreira e a tornarem-se independentes.
  • “Uma tributação justa” por meio de uma reforma profunda do sistema fiscal espanhol e promovendo melhor políticas públicas.

Aceda aqui ao Programa Eleitoral do Sumar


As eleições decorrem este domingo. Pedro Sánchez decidiu antecipar o fim da XIV Legislatura depois da derrota dos partidos de esquerda nas eleições municipais e regionais, em maio. Uma data em que muitos cidadãos estão de férias de verão.

Registou-se o maior número de pedidos de voto por correio da história - 2,6 milhões -, de acordo com os Correios de Espanha. Mais de 2,47 milhões de eleitores fizeram esta opção, segundo dados conhecidos no sábado.

Vitória da esquerda ou da direita, maioria absoluta ou coligações, o destino do país vizinho contínua em aberto até ao encerramento das urnas.
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