"Se o problema do Brasil fosse eu, matava-me", diz Lula

por RTP
"O problema não é o Lula, são os milhares de brasileiros com consciência política. Se o problema fosse eu, matava-me" Paulo Whitaker - Reuters

Em viagem pelos Estados do nordeste do Brasil, numa preparação para a campanha eleitoral de 2018, o antigo Presidente brasileiro recusou ser "o problema". Disse também que, se o fosse, matava-se.

"O problema não é o Lula, são os milhares de brasileiros com consciência política. Se o problema fosse eu, matava-me", disse.

Ao falar para uma plateia de maioria petista, Lula afirmou ser vítima de perseguição e chegou a citar Tiradentes, mártir de um dos principais movientos sociais do país pela liberdade, a Inconfidência Mineira.

Na tentativa de fazer uma comparação entre os acontecimentos históricos do Brasil e sua própria história, Lula disse que a mesma elite que condenou Tiradentes transformou-o em herói anos depois durante a Proclamação da República brasileira.

"Eles pensam que me incomodam e às vezes incomoda, mas não tenho medo do que está a acontecer comigo", disse, acresencentando que o seu verdadeiro medo é ver "os milhões de crianças que estão a ficar desnutridas no Brasil".

A caravana mal começou e já causa polémica. Além de protestos organizados em algumas cidades, a Justiça Eleitoral suspendeu a entrega do grau de doutror honoris causa que seria concedido a Lula pela Universidade do Recôncavo Baiano.

Em resposta, Lula afirmou: "Ele [o vereador que pediu a suspenção da entrega] está com medo é que eu receba o título pelo que vamos vazer daqui pra frente".

Segundo uma sondagem do instituto Poder 360, o antigo Presidente aparece à frente na corrida à eleição presidencial de 2018 e até ampliou a vantagem sobre os concorrentes: tem 33 por cento das intenções de voto, num acréscimo de oito por cento face à sondagem anterior.
Oposição nas capitais

A caravana vai percorrer, em 20 dias, 25 municípios nos nove Estados do nordeste brasileiro. O projeto tem como objetivo reconstruir a chamada Caravana da Cidadania, feita entre 1993 e 1994, quando Lula e aliados visitaram 359 cidades brasileiras.

As viagens fazem parte da estratégia do antigo Presidente para fazer a sua defesa, promover as realizações do seu Governo e apresentar propostas para a campanha pela Presidência em 2018. Lula foi condenado na Operação Lava Jato a nove anos e seis meses de prisão em julho pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O petista conta com o apoio de sete dos nove governadores dos Estados que vai visitar. Contudo, irá enfrentar oposição forte por parte dos autarcas, principalmente nas capitais. Apenas duas das que serão visitadas declaram apoio ao antigo Presidente.

A baixa aprovação deve-se ao resultado nas eleições de 2016, quando o Partido dos Trabalhadores perdeu mais de 60 por cento das cidades que governava.

Esta viagem é a primeira de uma série de deslocações que Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer a outras regiões do país.
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