Secretas norte-americanas alertam para armas anti-satélites de Rússia e China

por Nuno Patrício - RTP
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Rússia e China têm armas destinadas a atingir satélites dos Estados Unidos e aliados, alerta a Comunidade dos Serviços de Informações dos Estados Unidos. O aviso surge na "Avaliação anual de ameaças de 2022", divulgado esta semana, com dados relativos a janeiro deste ano.

Neste relatório pode ler-se que o risco de que os conflitos bélicos existentes se estendam ao espaço vai aumentar à medida que a Rússia e a China intensificarem o desenvolvimento de armas anti-satélite (ASAT): "À medida que Estados como China e Rússia veem cada vez mais o espaço como um domínio de combate, as discussões multilaterais de segurança espacial assumem maior importância como forma de reduzir o risco de um confronto que afetaria a capacidade de cada estado de operar com segurança no espaço".

Excerto do documento da ATA-US Intelligence Community

Pode ler-se também que “Pequim está a trabalhar no sentido de igualar ou exceder as capacidades dos Estados unidos no espaço para obter os benefícios militares, económicos e de prestígio que Washington acumulou da liderança espacial”.

No relatório em causa, as chamadas de atenção vão para o reforço das Forças Armadas chinesas na componente espacial, em áreas comerciais como o reconhecimento e posicionamento por satélite, navegação e meteorologia, mas também nas áreas militares das comunicações por satélite, sistemas de comando e controlo de informações dos militares de outros países e principalmente dos Estados Unidos.

"A China tem armas espaciais destinadas a atingir satélites norte-americanos e de aliados. As forças militares chinesas estão a colocar em campo novas armas anti-satélite destrutivas e não destrutivas baseadas no solo e no espaço".


Um relatório que aponta o dedo também à Rússia nesta área, expondo que "Moscovo vai concentrar-se na integração de serviços espaciais, como comunicações, posicionamento, navegação e tempo, geolocalização e informações, vigilância e reconhecimento – como potenciais armas e sistemas de comando e controlo”, recursos que permitiriam a Moscovo “identificar, rastrear e atacar mais rapidamente os satélites dos EUA durante um conflito."
O Nudol PL-19, um interceptor de mísseis antibalísticos que também funciona como arma anti-satélite, é o tipo de sistema que a Rússia utilizou em 15 de Novembro para destruir um satélite envelhecido no espaço. Os Estados Unidos, a Rússia e a China estão a competir entre si no desenvolvimento de mísseis espaciais que podem não só destruir mísseis balísticos na fase de impulso, mas também podem atingir satélites em órbita. (Fotografia do Ministério da Defesa russo).

O documento acrescenta que a Rússia está a "desenvolver, a testar e a colocar em campo uma série de armas não destrutivas e destrutivas" como alvo satélies em órbita, onde utilizará recursos de interferência e ciberespaço, armas de energia direcionada, recursos em órbita e recursos ASAT baseados em terra para atingir satélites dos Estados Unidos e aliados".

Excerto do documento da ATA-US Intelligence Community

O relatório indica que a avaliação da comunidade dos serviços secretos está atualizada até 21 de janeiro e foi concluída no momento em que a Rússia se preparava para atacar a Ucrânia.

Contudo, este relatório não alerta apenas para os riscos militares russos e chineses. São abordados temas como a pandemia do SARS-CoV-2, referindo o documento que "é provável que a covid-19 continue a sobrecarregar os sistemas de saúde e a criar condições que possam facilitar a propagação de outras doenças infecciosas a nível mundial, incluindo para a pátria dos Estados Unidos da America".

A questão do Irão não é esquecida, bem como a sua influência no Médio Oriente e o acesso ao enriquecimento nuclear, referidas como ameaças ainda presentes.

É igualmente referida a Coreia do Norte, embora o regime não tenha, recentemente, demonstrado muita atividade. Ainda assim, o relatório adverte que “o líder norte-coreano, Kim Jong-un, prosseguirá os esforços para expandir e melhorar de forma constante na área da energia nuclear e capacidades convencionais dirigidas aos Estados Unidos e aliados, utilizando periodicamente capacidades agressivas e potencialmente ações desestabilizadoras para remodelar o ambiente de segurança regional a seu favor. Estas acções incluirão desenvolvimento e demonstração de capacidades até e possivelmente incluindo o recomeço das armas nucleares e testes com mísseis balísticos intercontinentais”.

Por fim, são apresentadas questões como o tráfico de droga, o cibercrime, o terrorismo, as migrações populacionais e a premente questão das alterações climáticas, com os riscos e os impactos a atuar diretamente no planeta e a influenciar a economia, territórios e populações à escala global.
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