Macron "deve curvar-se". Esquerda aliada bate extrema-direita aquém da maioria absoluta
O presidente do partido, Jordan Bardella, começou por agradecer aos eleitores pelo que descreveu como uma “onda patriótica”. Apressou-se, todavia, a apontar o dedo a “alianças desonrosas” à esquerda. ”Infelizmente, alianças desonrosas estão esta noite a privar a política francesa de uma recuperação. Esta noite, os acordos eleitorais estão a atirar a França para os braços da extrema-esquerda de Jean Luc Mélenchon”, reagiu o candidato da direita radical.
“Apesar de uma campanha de segunda volta marcada por alianças contranatura, que procuraram de todas as maneiras impedir os franceses de escolher livremente uma política diferente, o Rassemblement National realizou hoje o avanço mais importante de toda a sua história”, quis ainda propugnar Jordan Bardella no pavilhão de Chesnaye du Roi, no sudeste de Paris.
“Tendo em conta a política que vai ser aplicada nos próximos meses e que não vai responder a nenhuma das preocupações dos franceses, o Rassemblement National incarna a única alternância perante o partido único”, estimaria.
Depois foi a vez de Marine Le Pen. A figura de proa do Rassemblement abeirou-se dos jornalistas, arrebatando um microfone da TF1, para exclamar: “A nossa vitória fica apenas adiada”.
Le Pen tratou de agitar a ideia de que o seu é “o primeiro” partido em França: “A maré está a subir. Ela não subiu assim tão alto desta vez, mas ela continua a subir e, consequentemente, a nossa vitória é apenas adiada. Tenho demasiada experiência para ficar desiludida por um resultado em que duplicamos o nosso número de deputados”.
Emmanuel Macron, “deve curvar-se”
Já com um mar de apoiantes da Nova Frente Popular a afluir à Praça da República, no coração de Paris, antes mesmo de o Rassemblement National reagir, Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de extrema-esquerda França Insubmissa, contraforte do bloco da Nova Frente Popular, orientava baterias para o Palácio do Eliseu.
Emmanuel Macron, lançava Mélenchon, “deve curvar-se e admitir a sua derrota sem tentar contorná-la” e encarregar a Nova Frente Popular de formar governo. “A derrota do presidente está claramente confirmada”, clamou. “O presidente tem o dever de chamar a Nova Frente Popular a governar", reiterou, para acrescentar que também o primeiro-ministro deveria “sair”.
…e Attal abriu a porta de saída
Numa intervenção ao país, Gabriel Attal anunciou que tenciona apresentar já esta segunda-feira a sua demissão do cargo de primeiro-ministro ao presidente da República. Tratou de garantir, ainda assim, estar preparado para assegurar a gestão corrente enquanto não for nomeado um novo chefe de governo.
“Esta dissolução não a escolhi”, atalhou o governante francês. “Esta noite, nenhuma maioria absoluta pôde ser obtida pelos extremos”, assinalou Attal, para frisar, adiante, que “ser primeiro-ministro” foi “a honra” da sua vida.
“Assim, fiel à tradição republicana, entregarei amanhã a minha demissão ao presidente da República. Assumirei, evidentemente, as minhas funções enquanto o dever o exigir”.
“Esta noite começa uma nova era”, rematou, acrescentando que o destino de França se decide “como nunca no Parlamento”.
Os números
Os relógios em França marcavam as 20h00 (19h00 em Lisboa) quando os meios de comunicação social do país começaram a divulgar as projeções de resultados: a Nova Frente Popular ficava à cabeça da segunda volta com a eleição de 172 a 192 deputados à Assembleia Nacional – sem alcançar uma maioria absoluta, cujo limiar é de 289 assentos no hemiciclo.
Num volte-face relativamente à primeira volta, o Rassemblement National, de extrema-direita, surgia em terceiro lugar com 132 a 152 deputados eleitos.Quando estavam definidos 552 dos 577 assentos no Parlamento francês, a Nova Frente Popular garantia a eleição de 176 deputados, o campo presidencial Ensemble elegia 154 e o Rassemblement National 140.
Em detalhe, à esquerda, as projeções atribuíam entre 68 a 74 assentos à França Insubmissa, entre 63 e 69 ao PSF e entre 32 e 36 aos Ecologistas.
No campo presidencial, a Renascença deveria obter entre 95 a 105 assentos, o MoDem 31 a 37 e o Horizons entre 24 a 28.
E no que toca ao domínio do Rassemblement National, os números apontavam para a eleição de 120 a 136 deputados deste partido e de 12 a 16 deputados por parte da fação aliada dos Republicanos.
Pouco depois da divulgação das projeções, em comunicado, o Palácio do Eliseu vinha deixar claro que o presidente iria aguardar a “estruturação” do Parlamento, no seguimento do escrutínio, antes de “tomar as decisões necessárias”. O que, na prática, poderá empurrar uma clarificação para o próximo dia 18 de julho.
Indicava ainda o Eliseu que Emmanuel Macron optaria por uma postura de “prudência” face à distribuição de forças emanada do processo eleitoral.
Há notícia de momentos de tensão no centro de Paris
A edição online do jornal francês Le Figaro noticia cargas polícias a leste da Praça da República, em Paris. Terá sido detida uma pessoa e as forças de segurança recorreram a gás lacrimogéneo.
Avenue de la République, les hordes cagoulées tentent désespérément d’obtenir une charge policière. Les CRS se font un peu prier. pic.twitter.com/ycXoWqUKuo
— Paul Sugy (@PaulSugy) July 7, 2024
Imagens transmitidas pelas televisões do país mostraram uma desmobilização em massa naquela praça.
Vitória da esquerda. Franceses festejam na Praça da República
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In Paris enthusiasm, in Moscow disappointment, in Kyiv relief. Enough to be happy in Warsaw.
— Donald Tusk (@donaldtusk) July 7, 2024
Figura de proa da extrema-direita francesa faz contenção de danos
"A nossa vitória fica apenas adiada", reagiu Le Pen na seguência do discurso do presidente do Rassemblement National, Jordan Bardella.
Em declarações emitidas pela TF1, Marine Le Pen quis sublinhar que o seu é "o primeiro" partido em França: "A maré está a subir. Ela não subiu assim tão alto desta vez, mas ela continua a subir e, consequentemente, a nossa vitória é apenas adiada. Tenho demasiada experiência para ficar desiludida por um resultado em que duplicamos o nosso número de deputados".
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Primeiro-ministro francês apresenta demissão na segunda-feira
“Esta dissolução não a escolhi”, disse o governante francês.
“Esta noite, nenhuma maioria absoluta pôde ser obtida pelos extremos, assinalou ainda Attal, para frisar, adiante, que “ser primeiro-ministro” foi “a honra” da sua vida.
“Esta noite começa uma nova era”, rematou, acrescentando que o destino de França se decide “como nunca no Parlamento”.
O discurso de François Hollande
O resultado da aliança de esquerda, aponta Hollande, "é uma satisfação mas também uma responsabilidade".
Macron aguarda "estruturação" da nova Assembleia Nacional
Indica ainda o Eliseu que Emmanuel Macron não vai nomear esta noite um novo primeiro-ministro, preferindo uma postura de "prudência" face a resultados que podem evoluir nas próximas horas.
Bardella digere derrota a apontar o dedo a "alianças desonrosas"
Foto: Gonzalo Fuentes - Reuters
"Apesar de uma campanha de segunda volta marcada por alianças contranatura, que procuraram de todas as maneiras impedir os franceses de escolher livremente uma política diferente, o Rassemblement National realizou hoje o avanço mais importante de toda a sua história", quis propugnar Jordan Bardella no pavilhão de Chesnaye du Roi, no sudeste de Paris.
"Esta noite, os acordos eleitorais atiraram a França para os braços da extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon", vincou, sublinhado pelos apupos dos militantes do seu partido.
"Tendo em conta a política que vai ser aplicada nos próximos meses e que não vai responder a nenhuma das preocupações dos franceses, o Rassemblement National incarna a única alternância perante o partido único", concluiu.
"O presidente tem o dever de chamar a Nova Frente Popular a governar", diz Mélenchon
Foto: Andre Pain - EPA
"A derrota do presidente está claramente confirmada", disse. "O presidente tem o dever de chamar a Nova Frente Popular a governar", reiterou, afirmando que também o primeiro-ministro "deve sair".
Sede do Rassemblement National em silêncio perante projeções
França. Ambiente de festa na sede da Nova Frente Popular
A distribuição dos números partido a partido
No que toca ao campo do Rassemblement National, o partido de extrema-direita deverá eleger entre 120 a 136 deputados e a fação aliada dos Republicanos entre 12 a 16 deputados.
Os Republicanos obtêm entre 57 a 67 assentos.
Esquerda vence as legislativas com 172 a 192 deputados eleitos
A Renascença deverá eleger 150 a 170 deputados.
Num volte-face relativamente à primeira volta, realizada há uma semana, o Rassemblement National, de extrema-direita, surge em terceiro lugar com 132 a 152 deputados eleitos.
Aliança espera conter o esperado crescimento da extrema-direita
Recorde-se que na primeira volta, há uma semana, ficaram definidos 76 dos 577 deputados à Assembleia Nacional, com o Rassemblement National, de extrema-direita, a posicionar-se na dianteira.
Começa a emissão especial dedicada à segunda volta das legislativas francesas
Taxa de afluência deverá rondar os 67%
Já a Elabe aponta para 67,1 por cento, enquanto que o IFOP avança com uma estimativa de 67,5 por cento.
Dirigentes do campo presidencial no Eliseu
Por ora, não se prevê qualquer intervenção pública de Emmanuel Macron nesta noite eleitoral.
Emissão especial sobre as legislativas em França na RTP3 a partir das 18h30
O encerramento das urnas na maior parte das circunscrições teve lugar às 18h00 (17h00 em Lisboa). Nas grandes cidades, todavia, o momento de fecho da votação é às 20h00 locais. A esta hora serão também publicadas as projeções e os primeiros resultados.A taxa de participação nesta segunda volta das legislativas em França era, às 12h00 (11h00 em Lisboa), de 26,63 por cento. Mais tarde, pelas 17h00 locais, ascendia a 59,71 por cento.
As legislativas realizam-se quase um mês depois da decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas para 30 de junho e 7 de julho - um passo que se seguiu ao triunfo da extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu.
Segundo os cenários traçados pelas derradeiras sondagens, estariam a esfurmar-se as hipóteses de o Rassemblement National, partido de extrema-direita de Jordan Bardella e Marine Le Pen, alcançar a maioria absoluta - ou seja, 289 deputados em 577.
Por outro lado, a Nova Frente Popular, aliança de esquerda de Raphaël Glucksmann e Jean-Luc Mélénchon, surgia como segunda força mais votada, seguindo-se o campo presidencial Ensemble pour la République.
A RTP3 debruça-se sobre todos os desenvolvimentos da noite eleitoral em França, a partir das 18h30, numa emissão especial.
Segunda volta em França. Participação de 59,71% a meio da tarde
Já relativamente à segunda volta das legislativas de 2022, a afluência às 17h00 locais cresce em quase 20 pontos. Era então de 38,1 por cento.
É a percentagem mais elevada em eleições legislativas desde 1981 (61,4 por cento), após a eleição de François Miterrand para a Presidência.
O correspondente da RTP em Paris, José Manuel Rosendo, assinalou a complexidade das contas pós-eleitorais, tendo em conta as derradeira sondagens.
Cenário de maioria absoluta em França é cada vez menos provável
Foto: Rita Soares - Antena 1
A enviada da Antena 1 a França, Rita Soares, tem estado a acompanhar a votação numa mesa em Paris.
Segunda volta em França. "Vai ser um entendimento difícil"
O testemunho de uma responsável portuguesa numa mesa de voto
Um terço dos franceses em Portugal optou pelo voto eletrónico
Foto: Martial Trezzini - EPA
Extrema-direita "às portas do poder". Franceses chamados às urnas para segunda volta decisiva
As assembleias de voto encerram às 18h00, mas em algumas grandes cidades permanecerão abertas até às 20h00. As eleições legislativas francesas são realizadas por sufrágio universal direto, por maioria de duas voltas e por círculo eleitoral. No final, 577 deputados serão eleitos.
A dissolução da Assembleia em França é a sexta desde a criação da Quinta República. A última aconteceu em 1997 e poderá conduzir a uma quarta coabitação política.
"O primeiro-ministro dirige a ação do Governo, assegura a execução das leis e é responsável pela defesa nacional" e "o governo determina e conduz a política da nação, tem à sua disposição a administração e as forças armadas", determina a Constituição.
França em encruzilhada. A perspetiva de um filósofo
Foto: Christian Hartmann - Reuters