Pelo menos seis agentes ficaram feridos e quatro pessoas foram detidas durante uma manifestação em Londres, no domingo à noite. O protesto contestava a morte de Edir da Costa, um português de 25 anos, que morreu na sequência de uma operação policial. Este caso está a ser investigado pela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia por alegado uso de força excessiva pelas autoridades.
No protesto de domingo, o grupo de manifestantes arremessou objetos contra a polícia e incendiou vários caixotes do lixo, levando mesmo à intervenção dos bombeiros. As autoridades ainda tentaram acalmar os ânimos, mas os confrontos só terminaram durante a madrugada.
Protesters clash with riot police in East London after 25-year-old man, Edir Frederico Da Costa, allegedly dies in police custody. pic.twitter.com/Bt3jGqtaBC
— Josh Caplan (@joshdcaplan) June 26, 2017
Dos seis polícias que ficaram feridos, quatro foram levados para o hospital. Um dos agentes ficou ferido na cara e uma outra agente apresentava lesões na cabeça. Após os confrontos, quatro pessoas que se manifestavam foram detidas por crime de incêndio, desordem e crimes de dano.
Segundo a imprensa britânica, vários manifestantes empunhavam cartazes com referência ao "Black Lives Matter", um movimento que teve origem nos Estados Unidos após várias intervenções polémicas das autoridades norte-americanas, acusadas de tratamento diferencial e de violência excessiva com cidadãos afro-americanos.
O protesto denunciava, precisamente, as circunstâncias da morte de Edir Frederico da Costa, um jovem negro de 25 anos e de origem portuguesa, que morreu na passada quarta-feira na sequência de uma operação policial.
A família do jovem considera que Edir da Costa morreu na sequência de uso de força excessiva pelas autoridades, quando os agentes o tentavam prender numa operação policial, a 15 de junho, na Tollgate Road.
Após a detenção, Edir da Costa sentiu-se mal e foi levado de urgência para o hospital de Newham, onde ficou internado nos cuidados intensivos, acabando por morrer seis dias depois.
Várias testemunhas referem que o carro em que o jovem seguia teria estado envolvido num roubo, e por isso pediram para revistar os ocupantes.
Ginario da Costa, o pai do jovem de origem portuguesa, contava na semana passada à agência Lusa que o filho terá resistido à polícia durante a operação, reiterando que não tinha feito nada de mal que levasse à detenção.
A família de Edir da Costa refere ainda que a polícia terá usado gás pimenta no momento em que tentava prender o jovem. "Ele caiu no chão e um polícia colocou-lhe um joelho em cima da garganta", denunciou o pai.
Investigação descarta uso de violência
Em Londres, a Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) abriu uma investigação ao caso, poucas horas após o sucedido, a 16 de junho.
No entanto, a equipa de investigação afirmava na passada quinta-feira que a primeira autópsia não revelava lesões que indicassem o uso de força excessiva.
Os protestos de domingo denunciavam que o pescoço do jovem português teria ficado "partido", mas as autoridades descartaram essa hipótese nos primeiros resultados, referindo que não havia sinais de "lesão" na coluna vertebral.
O comunicado acrescentava, no entanto, que o caso não estava imediatamente encerrado e que seriam necessários mais exames e ouvir mais testemunhas para apurar as circunstâncias a morte de Edir da Costa.
"Estamos empenhados em realizar uma investigação abrangente e eu gostaria de pedir a alguém com informações para que apoie os nossos esforços", referiu Tom Mison, comissário adjunto da IPCC.
Edir da Costa, também conhecido como Edson pelos mais próximos, tinha 25 anos e nasceu em Portugal, vivia no Reino Unido desde 1996. Tinha um filho pequeno e aguardava o nascimento do segundo filho, segundo conta o jornal britânico The Independent.