Senado brasileiro cria comissão para acompanhar incêndios no Pantanal

O Senado brasileiro criou na quarta-feira uma comissão temporária externa que irá acompanhar as ações de combate aos incêndios no Pantanal, que atravessa agora uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas décadas.

Lusa /

A comissão terá uma duração inicial de 90 dias e os membros pretendem visitar os locais onde deflagraram os maiores fogos na região. Mato Grosso (centro-oeste do Brasil) foi o primeiro estado escolhido para a viagem, programada para sábado.

O senador Wellington Fagundes, do Partido Liberal (PL), foi eleito presidente da comissão especial externa, e o senador Nelsinho Trad, do Partido Social Democrático (PSD), será o relator. Também integram o grupo as senadoras Simone Tebet, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e Soraya Thronicke, do Partido Social Liberal (PSL).

Wellington Fagundes aproveitou a formação da comissão para apelar a uma mobilização do poder público, de toda a sociedade brasileira e da comunidade internacional "para salvar o Pantanal, vidas humanas e a fauna e flora" da região.

O senador indicou ainda que a comissão pretende trabalhar para criar um "Estatuto do Pantanal".

"Queremos uma grande parceria. Vamos buscar soluções para a preservação do Pantanal. Precisamos estar unidos para levar o nosso país a um novo patamar da civilização, e isso passa necessariamente pela preservação e pela exploração racional do nosso querido e amado Pantanal. Antes, porém, precisamos salvá-lo", afirmou o presidente da comissão.

A expectativa da comissão é de acompanhar o orçamento e as ações que estão a ser tomadas pelo executivo, debater ideias para cuidar do meio ambiente brasileiro, e prevenir novos incêndios através da criação de mecanismos de prevenção.

O Pantanal brasileiro, considerada a zona mais húmida do planeta, atravessa uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas duas décadas na região e a seca mais intensa dos últimos 60 anos

Neste ecossistema, já foram registados 10.153 incêndios entre janeiro e agosto, o que representa um aumento de 221% em relação ao mesmo período do ano passado.

Situado na região centro-oeste, no sul da Amazónia, o Pantanal é uma planície que tem 80% da área inundada na estação chuvosa e é considerado um santuário onde ainda se encontra preservada uma fauna extremamente rica, que inclui jacarés, arara-azul ou onças-pintadas, espécie classificada como "quase ameaçada" de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Especialistas indicaram que o aumento das chamas na zona húmida do Pantanal se deve ao aumento da desflorestação ilegal, que aumenta todos os anos, causando uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.

Este ano não choveu o suficiente durante a temporada, o que baixou os níveis de humidade do Pantanal para os menores índices dos últimos anos.

Face aos fortes incêndios na região, e que já mataram numerosos animais, as autoridades estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram, esta semana, o estado de calamidade e de emergência, respetivamente.

A senadora Soraya Thronicke sublinhou que, além das questões ambientais, os incêndios trazem prejuízo económico para os estados da região e para o país. A política lembrou que o Pantanal já foi declarado Património Natural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

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