Separação de resíduos em Macau é inexistente e plásticos são queimados - ambientalista

por Lusa

O presidente da Federação de Proteção Ambiental de Macau denunciou à Lusa que os resíduos domésticos em Macau não são separados e a maioria dos plásticos domésticos que podiam ser reciclados são enviados para incineradoras.

"As medidas de reciclagem introduzidas pelo Governo são totalmente ineficazes", afirmou Johnson Leong, cuja empresa que exporta lixo.

Devido ao custo e ao apoio insuficiente do Governo, acrescentou, "não há estações de reciclagem que recebam plásticos em Macau".

"Além das empresas de jogo que reciclam plástico, a maioria dos resíduos domésticos de plástico produzidos em Macau são enviados para incineradoras para serem queimados", sublinhou.

Macau produziu 1,74 metros cúbicos de resíduos por pessoa por dia em 2020, o que é superior a Singapura, a Hong Kong e a Pequim, de acordo com os dados da Direção dos Serviços de Proteção Ambiental de Macau (DSPA).

Não há dados concretos relativamente à quantidade de plástico consumido em Macau por dia, mas na vida diária da cidade a utilização de plástico é constante: de embrulhos de fruta em supermercados, na compra de alimentos, como bolos e pães, embalados individualmente, até aos famosos `take away`.

Macau tem cerca de 1.900 estabelecimentos que vendem exclusivamente comida para fora.

"Dados sobre plásticos importados de utilização única não estão disponíveis no Governo de Macau, e é difícil para o Governo não controlar a importação de sacos e caixas de plástico", disse Johnson Leong.

Questionada pela Lusa sobre os dados relativos ao consumo e tratamento dado a caixas plásticas descartáveis, a DSPA não adiantou quaisquer dados e respondeu: "As caixas plásticas podem ser colocadas na `Recolha de resíduos recicláveis por três núcleos` ou pontos de reciclagem para triagem e reciclagem depois de terem sido lavadas e limpas".

Johnson Leong salientou que esta é uma ideia inviável, já que apenas um número "muito pequeno" de pessoas lava e limpa as caixas para colocar no ecoponto.

"Durante a pandemia, os cidadãos de Macau produziram um grande número de caixas de plástico para levar todos os dias e estas caixas usadas foram enviadas para incineradoras para serem queimadas", denunciou.

A DSPA indicou que alguns dos plásticos que foram selecionados para reciclagem serão transformados em matérias-primas em Macau, enquanto o resto será transportado para regiões vizinhas para reciclagem após processos de compressão.

Os mesmos serviços sublinharam que a tecnologia do centro de incineração está entre as melhores do mundo e lida com 576.650 toneladas por ano.

"O que o Governo fez foi apenas superficial e não foram tomadas quaisquer medidas de seguimento", refutou Johnson Leong, reforçando, contudo, que "os resíduos domésticos não são separados e são incinerados".

À Lusa, as autoridades ambientais apenas responderam que no centro de incineração os veículos com lixo são pesados e que o seu conteúdo é verificado, acrescentando que "o resto dos resíduos é incinerado de acordo com os procedimentos estabelecidos".

O Centro de Incineração de Resíduos de Macau está localizado na ilha da Taipa, com um total de duas fábricas e seis incineradoras.

"A incineração de materiais não degradáveis produz 1,4-Dioxina que, por sua vez, produz chuva ácida, que polui a terra. A poluição do solo é muito grave no Delta do Rio das Pérolas", frisou.

A partir de 01 de janeiro deste ano, a China proibiu a importação de resíduos sólidos sob qualquer forma.

O ambientalista explicou que todos os resíduos recicláveis de Macau são enviados para Cantão, capital da província Guangdong, vizinha de Macau.

Na sequência da implementação do controlo de embalagens descartáveis de esferovite este ano, o Governo anunciou ainda a proibição da importação de palhinhas de plástico não degradável e `colheres` de bebidas descartáveis para Macau a partir de 01 de janeiro de 2022.

Macau tem uma das mais altas densidades populacionais do mundo, com uma população de cerca de 680.000 habitantes e uma área de 32,9 quilómetros quadrados.

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