Serviços secretos dizem que ataques dos EUA não destruíram programa nuclear do Irão. Trump acusa CNN e NYT de desvalorizarem ataque militar histórico

Segundo uma avaliação preliminar dos serviços secretos norte-americanos, divulgada pela CNN e pelo New York Times, os bombardeamentos dos EUA destruíram apenas uma pequena parte do material nuclear, uma vez que a maior parte das reservas de urânio enriquecido do Irão foi deslocada antes da ofensiva. O presidente dos EUA acusa a CNN e o New York Times de tentarem desvirtuar o ataque, ao divulgarem um relatório que revela que o programa nuclear iraniana foi atrasado em apenas alguns meses.

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Maxar Technologies/Handout via REUTERS

Os ataques dos EUA às três instalações nucleares iranianas - Fordow, Natanz e Isfahan - não destruíram o programa nuclear do Irão e provavelmente apenas o atrasaram em meses, de acordo com uma avaliação preliminar dos serviços secretos sobre o ataque do fim-de-semana.

O relatório confidencial dos serviços secretos do Pentágono acrescenta que os bombardeamentos dos EUA destruíram apenas uma pequena parte do material nuclear, uma vez que a maior parte das reservas de urânio enriquecido do Irão tinha sido deslocada antes da ofensiva.

O presidente dos Estados Unidos que já tinha reiterado na terça-feira que as instalações nucleares no Irão tinham sido "completamente destruídas", acusou a CNN e o New York Times de tentarem desvirturar o bombardeamento dos EUA ao "desvalorizarem um dos ataques militares mais bem sucedidos da história".

"Notícias falsas da CNN, juntamente com o falhado New York Times, uniram-se para tentar desvalorizar um dos ataques militares mais bem sucedidos da história - as instalações nucleares do Irão foram completamente destruídas", escreveu Donald Trump, numa mensagem publicada terça-feira na Truth Social.



Após a divulgação do relatório da Agência de Inteligência da Defesa, tanto o secretário norte-americano da Defesa, Pete Hegseth, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt e o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, desmentiram a avaliação preliminar.

"Com base em tudo o que vimos - e eu vi tudo - a nossa campanha de bombardeamento eliminou a capacidade do Irão de criar armas nucleares” afirmou Pete Hegseth. "Qualquer pessoa que diga que as bombas não foram devastadoras está apenas a tentar minar o Presidente e a missão bem sucedida”, acrescentou.

Já Steve Witkoff considerou a fuga de informação de traição e apelou a uma investigação para responsabilizar o autor desta fuga e a Casa Branca considerou a avaliação "completamente errada" e divulgada por "um perdedor de baixo nível na comunidade de inteligência".

Segundo fontes próximas da Agência de Inteligência da Defesa dos EUA, citadas pela BBC, a reserva de urânio enriquecido pelo Irão não foi eliminada nos bombardeamentos de sábado, uma vez que algumas foram deslocadas antes dos ataques. 

Além disso, as fontes anónimas adiantam que a maior parte das instalações que se encontram no subsolo escaparam ao impacto das explosões, que terão destruído ou danificado estruturas acima do solo. De acordo com as mesmas fontes, o ataque dos EUA apenas fez o Irão recuar "alguns meses, no máximo" e qualquer retoma do seu programa nuclear dependerá do tempo que o país demore a escavar e a fazer reparações.

Apesar das imagens de satélite capturadas após o ataque dos EUA mostrarem grandes crateras visíveis na instalação nuclear de Fordo, no Irão, estas não permitem saber com exatidão os danos sofridos pelo locais sob a superfície.  
Foto: Maxar Technologies/Handout via REUTERS 

Uma vez que os EUA têm 18 agências de informação diferentes, é possível que futuros relatórios de inteligência incluam mais informações sobre o nível de danos às instalações nucleares iranianas. 

Além dos governantes norte-americanos que saudaram a missão como um sucesso, também o primeiro-ministro saudou uma "vitória histórica" contra Teerão e o seu programa nuclear, num discurso à nação poucas horas depois da entrada em vigor do cessar-fogo imposto por Donald Trump.

"Alcançámos uma vitória histórica. Destruímos o projeto nuclear do Irão. E se alguém no Irão tentar reconstruí-lo, agiremos com a mesma determinação, com a mesma intensidade, para derrotar qualquer tentativa“, prometeu Netanyahu, repetindo que "o Irão nunca terá armas nucleares".

Por outro lado, o Irão também reinvindicou a "vitória" e reafirmou os seus "direitos legítimos" de prosseguir o seu programa nuclear para uso civil, mostrando abertura para retomar conversações com Washington.
Israel diz que é cedo para avaliar danos dos ataques

No entanto, o exército israelita disse esta quarta-feira que os ataques contra as instalações nucleares iranianas vão afetar "durante vários anos" o programa nuclear do Irão mas que ainda é cedo para avaliar os danos causados.

O porta-voz do Exército israelita, Effie Defrin, sublinhou numa conferência de imprensa, que ainda não pode ser efetuado um balanço final do impacto.

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