Síria: Inspetores de armas químicas recolheram amostras em Douma

por RTP
O veículo das Nações Unidas que transportou os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas foi avistado esta tarde no regresso à cidade de Damasco Omar Sanadiki - Reuters

Os inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas conseguiram este sábado entrar em Douma. Foi nesta cidade de Ghouta Oriental, na Síria, que ocorreu o alegado ataque com armas químicas, a 7 de abril.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês) anunciou este sábado que os seus especialistas recolheram amostras na cidade de Douma. 

“A missão de investigação da OPCW deslocou-se hoje a um dos locais em Douma para recolher amostras” e acrescenta que “outras visitas" poderão vir a ser realizadas naquela cidade.

Estes elementos recolhidos pela OPCW vão ser transportados para Rijswijk, na Holanda, e de seguida para a rede de laboratórios da organização para proceder à análise. 

“Vamos avaliar a situação e decidir em relação a iniciativas futuras, entre as quais a possibilidade de uma outra visita a Douma”, refere ainda a organização com sede em Haia, em comunicado divulgado no Twitter.


A organização internacional procura desta forma as provas de um alegado ataque químico, perpetrado por forças afetas ao regime de Bashar al-Assad, que terão provocado pelo menos 40 mortos e 500 feridos. A Rússia e o Governo sírio negam qualquer ataque químico.  

Os peritos em armas químicas estão em território sírio há cerca de uma semana, desde 14 de abril, mas o acesso ao local do ataque foi sucessivamente adiado devido a problemas de segurança.  

Certo é que, em resposta a este ataque atribuído ao regime de Damasco e aliados, os Estados Unidos, França e Reino Unido realizaram, há precisamente uma semana, uma série de ataques com mísseis contra alvos associados à produção de armamento químico em território sírio.  

Este sábado, em reação à entrada dos investigadores em Douma, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros refere que a segurança dos inspetores foi garantida do lado sírio, mas também pelo contingente russo que se encontra destacado naquele país.

“Esperamos que os inspetores da OPCW realizem a mais imparcial investigação sobe o que aconteceu em Douma e que façam um relatório objetivo”, refere o comunicado da diplomacia russa.  

A investigação da OPCW serve para determinar se foram usadas armas químicas no ataque de 7 de abril e, em caso afirmativo, esclarecer que armas foram usadas. Não cabe a esta organização concluir esteve na origem do ataque.  

De assinalar que a 7 de abril, dia do ataque que agora está sob investigação, a cidade de Douma ainda era controlada pelo grupo Jaish al-Islam, o último bastião rebelde às portas de Damasco. O ataque materializou-se em duas bombas - alegadamente com compostos químicos - que caíram em dois pontos diferentes da cidade, a primeira às 16h00 locais, a segunda às 19h30.  

Os Estados Unidos, Reino Unido e França garantem, com base na informação recolhida, que o ataque recorreu a agentes nervosos. Como aconteceu na sequência de outros ataques, o Governo sírio e a Rússia negaram o uso de armas químicas e acusaram os rebeldes de “fabricarem” provas.  

Desde 2011, ano em que despoletou a guerra civil na Síria, que vários peritos das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas atribuíram pelo menos quatro ataques com armas químicas ao regime de Damasco, incluindo os ataques em agosto de 2013, em Ghouta, e o ataque de abril 2017 em Khan Sheikhoun, ambos com recurso a gás sarin. 

A Organização para a Proibição de Armas Químicas tem por objetivo garantir o cumprimento da Convenção sobre Armas Químicas, que proibe a produção, armazenamento e uso de armas químicas. Em setembro de 2013, sob forte pressão internacional, a Síria aderiu à Convenção, no âmbito do acordo para a destruição de armas químicas no país, com base num entendimento alcançado entre Estados Unidos e Rússia.

(com agências)
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