Síria. Turquia abre fronteiras a refugiados após baixas em Idlib

por RTP
Umit Bektas - Reuters

Pelo menos 33 soldados turcos foram mortos na quinta-feira durante um ataque aéreo ordenado pelo Governo sírio na cidade de Idlib. A Turquia informou que irá abrir as fronteiras para que os refugiados possam entrar na Europa.

Desde o início de fevereiro que a Turquia e as forças sírias, auxiliadas pelo Governo russo, estão em conflito devido ao apoio que o Governo turco está a dar aos rebeldes sírios.

“Vários militares foram mortos ou gravemente feridos e hospitalizados em Hatay”, afirmou o governador da província turca, Rahmi Dogan. O ataque desta quinta-feira fez subir para 54 o número de militares turcos mortos este mês.


Em resposta ao ataque, a Turquia informou que não vai impedir os refugiados sírios de chegarem à Europa.

Em comunicado, o diretor de comunicações do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan garantiu que o Governo de Ancara “decidiu responder ao regime ilegítimo da Síria, da mesma forma que esta tem prejudicado os soldados turcos”.

“A comunidade internacional deve tomar medidas para proteger civis e estabelecer uma zona de exclusão aérea na região de Idlib”, referiu o diretor de comunicação da Presidência turca, Fahrettin Altun, citado pela Al Jazeera.

“O regime de Bashar al-Assad representa uma ameaça à nossa segurança nacional, à região e à Europa desde que começou a agir como uma rede criminosa que aterroriza os seus próprios cidadãos. O regime aproveita o silêncio internacional”, acrescentou.

O Ministério russo da Defesa garantiu que as tropas turcas foram atacadas pelas forças sírias que tentavam impedir uma “ofensiva por parte dos rebeldes sírios”, negando que as suas forças aéreas tenham sido responsáveis pelo ataque, cita a Reuters.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, assegura que os soldados turcos foram mortos enquanto ajudavam os “terroristas” na área de Behun, onde os combatentes da aliança Hayat Tahir al-Sham estavam a realizar um ataque. Lavrov lamentou a morte dos militares turcos, afirmando que “este tipo de tragédias pode ser evitado”.

Em comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua preocupação com a forte violência e pediu para que houvesse um cessar-fogo imediato, uma vez que “o risco de uma tragédia ainda maior cresce a cada hora”.

As Nações Unidas informaram que estes ataques estão a provocar “consequências catastróficas”, com pelo menos 134 civis mortos desde o início do mês e várias escolas e hospitais destruídos.

O Presidente Erdogan insiste que as forças do Governo sírio devem afastar-se das posições em que a Turquia montou postos de observação militar, ameaçando realizar um ataque caso a situação volte a ocorrer.

“Nos próximos dias, é provável que a Turquia assuma um papel agressivo e peça à União Europeia e à OTAN, em particular, que adotem uma postura forte com a situação em Idlib”, afirmam os especialistas.
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