Sismo de magnitude 7.1 provoca centenas de mortos no México

por Christopher Marques - RTP
O sismo acontece precisamente 32 anos depois de um sismo de magnitude 8,1 ter provocado mais de dez mil mortos. Carlos Jasso - Reuters

Um terramoto de magnitude 7.1 provocou pelo menos 217 mortos no México. Pelo menos 44 edifícios desabaram, nomeadamente uma escola onde já há registo de 21 crianças mortas. O sismo aconteceu precisamente 32 anos depois da maior tragédia do país: um sismo que provocou mais de dez mil mortos em 1985.

É um segundo sismo de grandes proporções em apenas duas semanas, agora com consequências ainda mais devastadoras. Ao início da tarde de terça-feira (19h14 em Lisboa), o México voltou a tremer: um sismo de magnitude 7,1 na escala de Richter, com epicentro junto a Atencigo, no Estado de Pueblo, e a 57 quilómetros de profundidade.

Apesar de apresentar menor magnitude do que o terramoto de dia 8 de setembro (8,2), o rasto de destruição é bem maior do que o último. O epicentro deste terramoto encontra-se mais próximo da Cidade do México, a grande metrópole do país. Só nesta zona metropolitana vivem mais de 20 milhões de pessoas, o dobro da população portuguesa. A intensidade do abalo provocou gritos e pânico entre os locais.

"Havia pessoas muito alteradas, algumas a chorarem e a gritarem. Havia aqui pessoas deitadas no chão, por causa dos nervos. Caíram por estarem tão nervosas", recorda um residente, poucas horas depois do sismo.


Os trabalhos de busca e salvamento continuaram ao longo da tarde e seguem durante a noite. O último balanço atualizado pela Proteção Civil confirma que pelo menos 217 pessoas morreram: 86 na Cidade do México, 71 em Morelos, 43 em Puebla, 12 em Edomex, quatro em Guerrero e uma Oaxaca.

Entre as vítimas da Cidade do México estão pelo menos duas dezenas de crianças, que se encontravam numa escola que desabou com o terramoto. “Há atualmente 26 vítimas mortais, dos quais 21 são crianças e cinco adultos”, explicou um dos responsáveis pelas operações de busca à cadeia televisiva Televisa. Mais de três dezenas de pessoas continuam desaparecidas.



Os alarmes antissísmicos não se ativaram esta terça-feira, mais uma das diferenças em relação ao terramoto de 9 de setembro. Em causa estará o facto de o epicentro ter ocorrido no centro do México e não no litoral, onde está instalada a maioria dos sensores.

Sem o alerta ter sido dado com a devida antecedência, a população não pode abandonar os locais onde se encontravam e proteger-se do sismo.  As autoridades descartam no entanto que tenha sido um erro técnico, sublinhando a dificuldade em ter o país todo coberto com o sistema de alerta e a baixa eficácia destes quando a profundidade do epicentro é baixa.

"A profundidade tão baixa fez com que a propagação fosse quase imediata e que o sismo se tenha feito sentir praticamente ao mesmo tempo em que foi detetado pelos sensores", explica o dirigente do Centro Nacional de Prevenção de Catástrofes ao El País.
Milhões sem eletricidade
O sismo provocou cortes de eletricidade, com mais de três milhões de pessoas a serem afetadas. O aeroporto internacional do México fechou e reabriu algumas horas mais tarde. As escolas foram fechadas, bem como a Universidade Autónoma do México (Unam).

O vulcão Popocatépetl entrou em erupção no momento do sismo. Até às 21h30 locais (3h30 em Lisboa), registaram-se 69 exalações de baixa intensidade. “A mais importante ocorreu às 13h17 e produziu uma coluna com menos de um quilómetro de altura”, explica o relatório de atividade do vulcão.

No entanto, as autoridades indicam que “não se observou nenhum aumento significativo na atividade do vulcão que possa estar relacionado com o sismo”. O alerta vulcânico mantém-se no nível dois (amarelo) de três possíveis.


32 anos depois
O abalo desta terça-feira coincidiu com o 32º aniversário de um sismo que destruiu a Cidade do México em 1985. O terramoto de magnitude 8,1 devastou a Cidade do México, tendo feito mais de 10 mil mortos. Há mesmo estimativas que indicam que até 30 mil pessoas poderão ter morrido neste tremor de terra.

Para assinalar a data, um grande exercício de simulacro tinha sido organizado de manhã, cumprindo-se aquela que é já uma tradição do dia 19 de setembro. Duas horas depois do ensaio, ocorreu este terramoto.

“Estou abalada, não consigo parar de chorar. É o mesmo pesadelo que em 1985”, confidenciou Georgina Sanchez, uma mexicana de 52 anos à France Presse.

Quando o sismo ocorreu, o Presidente mexicano Enrique Peña Nieto deslocava-se ao Estado de Oaxaca, a região que foi violentamente afetada pelo sismo do início do mês. Regressou à capital, onde reuniu o Comité Nacional de Emergência. Peña Nieto pediu às vítimas para que se dirijam para os centros de acolhimento que foram abertos nas regiões afetadas e felicitou a solidariedade do povo mexicano.

Desde que a terra tremeu, centenas de habitantes juntaram-se às equipas de resgate para procurar sobreviventes, servindo-se de pás, picaretas e cordas para afastar os escombros.

Dez dias depois, o México vive um novo sismo de grandes proporções, com consequências ainda mais devastadoras do que o do início de setembro. O abalo de magnitude 7.1 provocou o desabamento de dezenas de edifícios. O sismo aconteceu precisamente 32 anos depois da maior tragédia do país: um terramoto que provocou mais de dez mil mortos, em 1985.

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