Sistema de alerta precoce e supervisão colegial financeiros sobre a mesa

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 15 Nov (Lusa) - A criação de um "sistema de alerta precoce" e de uma "supervisão colegial" de reguladores internacionais para coordenar a monitorização das 30 maiores instituições financeiras mundiais são as apostas imediatas do G20, hoje reunido em Washington.

A administração norte-americana de George W.Bush "apadrinha" esta "supervisão colegial", garante de que "todos partilharão informações e empregarão as melhores práticas com o objectivo de prevenir riscos excessivos".

A Casa Branca quer que seja o Fundo Monetário Internacional, liderado pelo francês Dominique Strauss-Khan, a ficar com a responsabilidade.

Para prevenir os "riscos excessivos", a Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou por seu turno a criação de uma Câmara de Compensação visando padronizar e limitar o que chamou "produtos - financeiros - opacos".

O "alerta precoce", além dos Estados Unidos, é partilhado pela União Europeia (UE) - a actual presidência francesa teve a iniciativa da cimeira do G20 -, pelo Japão e, ainda, pela maioria dos países emergentes.

O G20 integra os oito países mais industrializados do mundo - Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia -, a União Europeia (UE) e os emergentes Argentina, Brasil e México nas Américas, Turquia e Arábia Saudita no Médio Oriente, África do Sul, China, Coreia do Sul, Índia e Indonésia na Ásia, e a Austrália.

Representa 85 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e concentra dois terços da população do planeta, sendo que graças aos países em desenvolvimento e emergentes a economia crescerá 2,2 por cento em 2009, tendo como motores a China, Índia e Médio Oriente.

Tomar o pulso à crise financeira e propor reformas para o sistema são as metas da cimeira orientada para o lançamento das bases de uma nova ordem que preencha as lacunas do obsoleto Acordo de Bretton Woods, sistema de gestão das relações financeiras e comerciais entre as nações mais industrializadas do mundo pensado para o pós-guerra e inaugurado em 1944.

A Alemanha, sem pecar por excesso de optimismo acerca dos potenciais resultados da cimeira de Washington, por intermédio do seu ministro das Finanças, Peer Steinbrück, considerou ser "exagerado esperar medidas concretas" do encontro inédito do G20.

Na melhor das hipóteses, adiantou - de resto em sintonia com o presidente francês, Nicolas Sarkozy - dentro de 100 dias poderá haver "fumo branco", ou seja, na Primavera de 2009.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, tão pouco escondeu laconismo: "Não se esperam milagres no imediato, mas tão só o desencadear de um processo".

Moscovo - na esteira da cimeira UE/Rússia de sexta-feira - está em perfeita sintonia com Bruxelas, com o presidente Dmitri Medvedev empenhado em ir bem além das simples declarações de princípios, em nome de "soluções adequadas e globais".

A tese de Medvedev é clara: "Sistematizar os instrumentos reguladores nacionais e internacionais (...), endurecer as condições de supervisão financeira e incrementar a responsabilidade das agências de auditoria", assegurando o "acesso universal às mais valias devido ao levantamento das barreiras comerciais e à liberdade de circulação de capitais".

Medvedev frisou em Nice - onde decorreu a cimeira UE-Rússia - que apoia Sarkozy na determinação de realizar a segunda cimeira do G20 em Fevereiro, tendo em conta que o novo presidente norte-americano, Barack Obama, toma posse a 20 de Janeiro de 2009.

O Kremlin não prescinde de profundas reformas no FMI, no Banco Mundial liderado pelo norte-americano Robert Zoellick e na Organização Mundial de Comércio (OMC), a que quer aderir a Rússia.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon dirigiu um apelo "in extremis" ao G20 para "não esquecer dos mais pobres e dos desafios decorrentes do aquecimento global", tal como o comissário europeu para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, o belga Louis Michel.

JHM.


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