Soja, feijão, cacau e óleo de palma estão a dizimar florestas

por Alexandre Brito - RTP
Trator numa terra que era floresta tropical na Amazónia e que foi deitada abaixo para cultivo Reuters

Setenta por cento das florestas tropicais, entre 2013 e 2019, foram ilegalmente desmatadas para abrir espaço para a pecuária e plantações de feijão e soja. O corte ilegal de madeira é responsável pela perda de 4,5 milhões de hectares de floresta - o equivalente a um país como a Dinamarca - todos os anos. O desaparecimento destas florestas acontece a passo acelerado na América Latina, Sudeste da Ásia e África, revela um relatório publicado hoje pela Organização de Conservação da Natureza Forest Trends, de Washington.

"Se não pararmos urgentemente esta deflorestação ilegal não teremos qualquer hipótese de combater as crises que a humanidade vai ter que enfrentar, como as alterações climáticas, perda da biodiversidade e pandemias", disse à Reuters Arthur Blundell, um dos responsáveis pelo relatório da Forest Trends.

O cultivo de óleo de palma na Indonésia e a produção de soja e carne no Brasil foram dos principais motores do desmatamento ilegal. Mas não só. Também o cacau das Honduras e África Ocidental, usado para fazer chocolate, e o milho da Argentina estão a deitar abaixo milhões de árvores.

Na Indonésia, cerca de 81% das florestas foram ilegalmente desmatadas para produzir óleo de palma.

Diz este relatório que nos países produtores de soja, como o Brasil, cerca de 93% da terra foi ilegamente convertida para cultivo. Tal como foi ilegal o desmatamento para plantações de cacau - 93% - e para carne bovina - 81%.

O estudo reflete uma realidade que está ainda muito presente em várias regiões do globo. O desmatamento ilegal que é realizado por madeireiros e empresas que não conseguem obter licenças de proprietários de terras ou realizar avaliações de impacto ambiental.

É também importante referir que cerca de um terço dos produtos cultivados nas zonas desmatadas são exportados para os EUA, a China e Europa.

Ou seja, um dos problemas desta realidade está também no consumo e na procura destes produtos que é constante e cada vez maior.
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