Sonda chinesa já chegou à órbita do planeta Marte

por Nuno Patrício - RTP
A sonda Tianwen já conseguiu estabelecer uma órbita em redor de Marte Foto: CNSA/DR

A sonda chinesa Tianwen-1 chegou esta quarta-feira, como previsto, à órbita de Marte. Termina assim com sucesso a primeira etapa no plano chinês de levar um pequeno veiculo robótico móvel (rover) até à superfície do planeta.

A sonda foi lançada em julho passado a partir da ilha de Hainan e "entrou com sucesso em órbita de Marte", indicou a agência de notícias oficial Xinhua.

A Tianwen já enviou a primeira foto de Marte, quando se encontrava a uma distância de cerca de 2,2 milhões de quilômetros do planeta.

A foto foi disponibilizada pela agência espacial chinesa CSNA, que revela uma imagem a preto e branco do planeta vermelho.

Na pagina da agência pode ler-se: "Às 20 horas de 5 de fevereiro de 2021, o motor da primeira missão de exploração de Marte, a sonda Tianwen-1, foi ligado e realizada a quarta correção intermediária de ignição, concluída com sucesso para garantir que a captura de Marte fosse implementada conforme planeado. Até agora, Tianwen-1 está em órbita há 197 dias, a cerca de 184 milhões de quilómetros de distância da Terra, cerca de 1,1 milhão de quilómetros de Marte, num voo que percorreu desde a Terra até Marte cerca de 465 milhões de quilómetros. Os sistemas de sondas estão em boas condições."

É o segundo aparelho a chegar à órbita de Marte em dois dias, depois de uma outra sonda lançada pelos Emirados Árabes Unidos ter completado a viagem na terça-feira.

Primeira imagem marciana captada pela Tianwen-1 a uma distância de cerca de 2,2 milhões de quilómetros de Marte. Créditos CNSA/DR

Na próxima semana, no dia 18 de fevereiro, será a vez de os Estados Unidos tentarrm fazer aterrar um rover do tamanho de um SUV (batizado de Perseverance) em Marte, no que seria a oitava missão norte-americana ao planeta.

As três missões foram lançadas ao mesmo tempo para aproveitar a maior proximidade entre a Terra e Marte, cerca de 450 milhões de quilómetros, o que acontece a cada dois anos.

A missão mais ambiciosa é a chinesa, prevendo-se que o veículo robô se separe da sonda daqui a alguns meses (maio) e tente aterrar na superficie do planeta vermelho, o que, a ter sucesso, fará da China o segundo país a conseguir tal feito.

A aterragem no solo marciano é difícil e o veículo chinês tem pára-quedas, retrofoguetes e 'airbags', equipamento que usará para aterrar numa área rochosa chamada Utopia Planitia, o mesmo local onde o veículo norte-americano Viking 2 aterrou em 1976.

O veículo da missão Tianwen (que em chinês quer dizer "procura pela verdade celestial") é do tamanho de um carrinho de golfe, trabalha a energia solar e deverá estar cerca de três meses em funcionamento.

O robô norte-americano Perseverance deverá aterrar no dia 18 em Marte para procurar vestígios microscópicos de vida que outrora poderá ter existido no planeta e recolher rochas para trazer de volta à Terra, missão agendada para a próxima década.

A missão dos Emirados, chamada Amal (esperança), entrou em órbita na terça-feira para recolher dados sobre a atmosfera do planeta.

Além destes, há mais seis aparelhos na órbita de Marte: três norte-americanos, dois europeus e um indiano.

A Tianwen-1 é a segunda tentativa chinesa de mandar uma nave a Marte, depois de ter falhado o lançamento de uma sonda integrada numa missão russa que não chegou a sair da órbita terrestre.

Na foto, podem ver-se as formas de relevo icônicas como a Planície de Marte Asidalia, a Planície de Cluse, o Planalto Zi Meridian, a Cratera Skiapareli e o vale profundo mais longo, o Vale dos Marinheiros. Créditos: CNSA/DR

Em dezembro passado, a missão lunar chinesa Chang'e 5 foi a primeira a trazer rochas da Lua para a Terra desde a década de 1970. Em 2019, os chineses foram também pioneiros no envio de um veículo para o lado mais distante da Lua.


c/Lusa
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