O primeiro-ministro francês, François Bayrou, defendeu-se esta quarta-feira perante uma comissão parlamentar de inquérito num caso de violência física e sexual dentro de uma escola católica, frequentada pelos seus filhos, quando era ministro da Educação Nacional, entre 1993 e 1997.
Acusado de mentir para encobrir os factos e de ter falado com um juiz para interferir no processo, o atual primeiro-ministro francês afirmou, sob juramento, que "não teve nenhuma outra informação" além da que foi publicada na imprensa.
O primeiro-ministro acusou ainda o deputado de "distorcer a realidade" sobre os acontecimentos ocorridos na escola Notre-Dame-de-Bétharram, em Pau, cidade da qual era também prefeito e onde a sua mulher ensinava catecismo. Antigos funcionários religiosos e leigos desta escola primária e secundária são alvo de cerca de 200 queixas apresentadas por ex-alunos, por violência física, agressão sexual e violação cometidas ao longo de décadas. Após um ano de investigação, o Ministério Público abriu um inquérito judicial e um ex-guarda foi acusado e colocado em prisão preventiva em fevereiro.
O primeiro-ministro acrescentou perante os dois relatores do inquérito, Paul Vannier e uma deputada da maioria no poder, que a sua audição foi "muito importante" para "as vítimas".
Os dois deputados apresentarão as suas conclusões no final de junho, depois de ouvirem testemunhas, vítimas e ex-ministros, mas o caso tem estado a fragilizar ainda mais o governo minoritário francês num plano político pleno de incertezas e de dramas.
Bayrou é acusado particularmente de ter tido conhecimento dos abusos e de ter possivelmente intervindo no sistema de justiça quando falou com um juiz.
A 11 de fevereiro, perante a Assembleia, o primeiro-ministro garantiu que "nunca foi informado" de violência neste estabelecimento e que "nunca, nem uma vez na (sua) vida e em (sua) toda a vida política", tinha "intervindo num processo judicial".
Emmanuel Macron, que regressou à cena nacional na terça-feira com um discurso televisivo de três horas, eclipsando o seu primeiro-ministro, reiterou a sua "confiança" nele para responder a "todas as perguntas" colocadas.
Durante uma tensa conversa com o correlator da comissão de inquérito, o deputado Paul Vannier (La France Insoumise, esquerda radical), Bayrou não recuou em anteriores declarações.
"Mantenho a minha declaração. Não tenho outras informações enquanto ministro da Educação Nacional", garantiu, acrescentando que "não beneficiei de qualquer informação privilegiada".
O primeiro-ministro acusou ainda o deputado de "distorcer a realidade" sobre os acontecimentos ocorridos na escola Notre-Dame-de-Bétharram, em Pau, cidade da qual era também prefeito e onde a sua mulher ensinava catecismo. Antigos funcionários religiosos e leigos desta escola primária e secundária são alvo de cerca de 200 queixas apresentadas por ex-alunos, por violência física, agressão sexual e violação cometidas ao longo de décadas. Após um ano de investigação, o Ministério Público abriu um inquérito judicial e um ex-guarda foi acusado e colocado em prisão preventiva em fevereiro.
O primeiro-ministro acrescentou perante os dois relatores do inquérito, Paul Vannier e uma deputada da maioria no poder, que a sua audição foi "muito importante" para "as vítimas".
"É muito importante para os rapazes e raparigas que foram vítimas de violência, particularmente de violência sexual, durante décadas", disse o primeiro-ministro à comissão de inquérito.
"Se a minha presença como alvo político permitiu que estes factos emergissem, este 'Mee too' da infância, então terá sido útil", acrescentou.
FragilizadoOs dois deputados apresentarão as suas conclusões no final de junho, depois de ouvirem testemunhas, vítimas e ex-ministros, mas o caso tem estado a fragilizar ainda mais o governo minoritário francês num plano político pleno de incertezas e de dramas.
Bayrou é acusado particularmente de ter tido conhecimento dos abusos e de ter possivelmente intervindo no sistema de justiça quando falou com um juiz.
A 11 de fevereiro, perante a Assembleia, o primeiro-ministro garantiu que "nunca foi informado" de violência neste estabelecimento e que "nunca, nem uma vez na (sua) vida e em (sua) toda a vida política", tinha "intervindo num processo judicial".
Mas um ex-juiz, um ex-polícia e um professor reformado, que já prestaram depoimento sob juramento perante os deputados, contradisseram o primeiro-ministro, bem como a sua filha mais velha, que recentemente revelou ter sido vítima de violência física durante um campo de férias. Foi um "acontecimento angustiante, que me magoou muito", disse Bayrou à AFP sobre as revelações da filha Hélène.
François Bayrou, enfraquecido pela falta de maioria na Assembleia Nacional, caiu nas sondagens devido, em particular, a este escândalo que o acompanha há três meses.
Os seus familiares sublinham que o primeiro-ministro não é alvo da comissão de inquérito, a qual se centra nos "métodos de controlo estatal e prevenção da violência nos estabelecimentos de ensino".
"Se isto for para provocar um juízo político do primeiro-ministro, não servirá para nada", avisou o parlamentar centrista Erwan Balanant, para quem "a verdadeira questão" é o silêncio em torno da violência em Bétharram, cujas revelações deram liberdade de expressão noutras instituições.
Poucos no seu campo imaginam que Bayrou será censurado por este caso.
"As mentiras na política não funcionam, mas são compensadas pela angústia genuína do primeiro-ministro quando soube da violência contra a sua filha" ou conheceu vítimas em Pau, defendeu outro ministro. François Bayrou "mentiu" porque "isso atrapalhou o seu avanço político", irritou-se o pai de uma das vítimas na segunda-feira.
"Se ele próprio encobriu a instituição para a proteger à custa dos estudantes, então deveria mesmo sair", disse Olivier Faure, primeiro secretário do Partido Socialista.
A extrema-direita, no entanto, rejeitou qualquer censura sobre o assunto, condenando "a exploração da tragédia, para fins políticos".
Emmanuel Macron, que regressou à cena nacional na terça-feira com um discurso televisivo de três horas, eclipsando o seu primeiro-ministro, reiterou a sua "confiança" nele para responder a "todas as perguntas" colocadas.
O presidente francês explicou que tinha "falado muito" sobre este caso com Bayrou e que se sentiu "devastado", em particular pelas revelações da filha Hélène sobre a sua agressão.
(com agências)